O que não fazer na gestão de estagiários?

Veja como a Lei de Estágio é um grande diferencial e descubra dicas de liderança

Segundo dados expostos pela Abres, temos 17,2 milhões de possíveis estagiários, quando consideramos a soma dos níveis superior, médio e técnico. Desse volume, apenas 5,2% deles conseguem, de fato, uma chance corporativa. Para esses talentos, é imprescindível contar com uma orientação segura e já experiente no assunto, de modo a acrescentar em suas habilidades e engrandecer a carreira. Portanto, hoje, além de evidenciar a Lei de Estágio, quero contar alguns tópicos para não se fazer no dia a dia com o time. 

O que caracteriza um bom líder e qual sua importância para o funcionamento da empresa? 

Em geral, a cadeia hierárquica é um grande sinal de como a corporação se mantém e entrega seus resultados. Entretanto, é muito comum ver estagiários sentirem frustração ao ver seu desempenho piorar por conta da má conduta proveniente do alto patamar. Conforme pesquisas, um bom líder deve motivar sua equipe e tomar as melhores decisões diante das informações do momento. Todavia, sabemos como isso é um desafio em um cotidiano tão corrido quanto o organizacional. 

De acordo com uma pesquisa da Deloitte, 76% dos entrevistados ressaltaram o quanto uma empresa precisa desenvolver suas lideranças para conseguir alcançar o sucesso. Isso também diz respeito à desenvolver seus colaboradores. Em especial, os estagiários. Afinal, em geral, eles chegam agora no mercado de trabalho e não possuem vícios ou manias advindas de outras oportunidades. 

Inclusive, o estágio dispensa qualquer experiência prévia e só pode pleitear vagas nesse modelo quem esteja regularmente matriculado em uma instituição de ensino. Seja “superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”, como aponta a Lei de Estágio. 

Ainda de acordo com o levantamento da Deloitte, 72% destacam a relevância do gerenciamento dos talentos como fator indispensável para uma corporação ser bem-sucedida. Assim como, também com 72%, a criação de uma cultura de alta performance como filosofia diária. Todos esses pontos são encargos do chefe e precisam ser trabalhados continuamente. 

Conforme a lei nº 11.788/2008, todo estagiário precisa de um supervisor. “§ 1º O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação final”, destaca. 

Veja como são as especificações da parte concedente: “III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente”. Assim, é uma maneira de acompanhar sua transformação e trazer itens de aprimoramento, não só do ponto de vista empresarial, mas também escolar. 

Como lidar com a insatisfação perante seu gestor? 

Por outro lado, também é preciso muita inteligência emocional para a rotina corporativa. Isso porque, diariamente, diversos obstáculos e tarefas complexas surgem. Além de ser uma possibilidade de crescimento, também requer controle das emoções e a busca pela superação. Assim, quando um integrante não se sente satisfeito com seu líder, precisa estar atento e comunicar suas questões para evitar ficar desestimulado por conta disso. 

Claro, é preciso ter tato, observando situações apropriadas para apontar as melhorias desejadas. Porém, as colocações não podem ser vagas, como um mero “não concordo”. É essencial apontar exemplos, apresentar alternativas e dar ideias, tudo isso com argumentos válidos como aliados. 

Todavia, é muito comum ter receio quando algo incomoda. Em geral, discordar de um gestor pode ser lido por alguns como sinal de insubordinação. Contudo, acredito também em como é sinal de profissionalismo. Afinal, há vontade de fazer a diferença na empresa e contribuir para a evolução do negócio. Isso porque um funcionário de qualidade não pode ser contratado apenas para acatar ordens, ele tem o direito de refletir sobre suas designações e propor opções mais favoráveis para movimentar melhor a engrenagem. 

Desse modo, quando acreditar ter uma solução boa o suficiente, deve opinar com o objetivo de aprimorar a cadeia de produção da companhia. Nesse cenário, se houver algum tipo de resistência, é preciso buscar maneiras de trazer uma interação ainda mais aberta. Esse, inclusive, é um ponto crucial, pois gera insegurança e muitas pessoas abandonam “o barco” nessa etapa. 

Porém, é imprescindível não ter medo do conflito se ele tiver a finalidade de abrir portas e gerar mudanças vitais. Afinal, essas situações mostram um gap na cultura organizacional e demonstra a necessidade de mais delicadeza em certas esferas. Por isso, sempre digo: líder e liderado precisam andar lado a lado, com suas metas bem alinhadas. 

Contratar estagiários traz inúmeros benefícios para a corporação e gestão

Além dos proveitos listados, como a possibilidade de moldar um futuro profissional desde o princípio, os estagiários também são ótimas opções para desenvolver o gestor. Isso porque, ao lidar com alguém em constante aprendizado, o líder consegue aprimorar suas aptidões, incluir novas soluções nos negócios e ainda angariar reputação positiva perante a sociedade. Assim, separei alguns tópicos capazes de demonstrar a importância desses talentos. Observe: 

1) Possuem um perfil inovador: tem propensão a dominarem diversas plataformas e conhecerem ferramentas modernas, como as redes sociais. 

2) São mais proativos e comprometidos: reconhecidos por serem mais engajados, cumprem os prazos, horários e entregas para se destacarem e serem percebidos como futuros efetivos.

3) Ajudam a desenvolver a cultura interna: sempre ressalto como é uma relação de ganha-ganha, pois existe a possibilidade de orientá-los de acordo com os objetivos do empreendimento. 

4) Auxiliam na renovação criativa: eles cresceram em uma realidade mais inovadora e diversificada, logo, conseguem ter ideias plurais. Para melhorar: quando interagem com os colaboradores experientes, propõem novas soluções. 

5) Ganhe incentivos fiscais: por não ter vínculo empregatício, a contratante possui incentivos fiscais, como 13° salário, férias, aviso prévio, ⅓ das férias, multas rescisórias, INSS e FGTS. 

Por fim, não canso de falar: abra as portas do seu negócio para quem chega agora no mercado, cheio de vontade de “fazer acontecer”. Isso trará benefícios expressivos para o cotidiano empresarial, além de ajudar contra a evasão escolar e favorecer a economia brasileira. Nesse caminho, conte com a Abres! 

*Carlos H. Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres). 

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