A inclusão deve começar no estágio

Essa oportunidade é essencial para o seguimento da carreira de um jovem

A diversidade se tornou um assunto bastante debatido nos últimos anos. No entanto, mesmo com essa evolução, ainda estamos longe do cenário ideal. Infelizmente, relatos de preconceito e discriminação contra as minorias são constantes. Sendo assim, é fundamental o processo de inclusão ter início no estágio. Dessa forma, daqui algum tempo, essas pessoas estarão nos cargos mais altos das corporações.

As mulheres no mundo corporativo

Em vários mercados, ao redor do mundo, a mulher tem buscado se tornar protagonista, procurado um lugar de fala, não só para ela, mas também para outras categorias com pouco espaço e muita vontade. Em 2022, segundo a pesquisa Women in Business, 32% das posições de liderança nos 29 países participantes são ocupadas pelo sexo feminino.

O crescimento da pluralidade dentro das equipes é fundamental para agregar em termos de variedade de pontos de vista, experiências, opiniões e jeitos de atuar. É necessário também levar em consideração algumas características das moças. Afinal, elas são empáticas, focadas no desenvolvimento organizacional, criam locais inclusivos e nos quais todos são ouvidos.

Esses pontos, aliás, são reforçados em um estudo recente chamado Perfil da Executiva Brasileira, realizado pela Caliper. Conforme o levantamento, as colaboradoras estão mais focadas no bem-estar corporativo e conseguem olhar para mais de uma atividade simultaneamente, podendo assim ter uma visão global de um ambiente. 

Ao ter mais mulheres no mercado, abrem-se caminhos cada vez mais amplos para a presença dessas outras minorias. Esse hábito será construído com trabalho, consistência e engajamento em grupos focados. As discussões proveitosas entre executivos são essenciais. “Além dos pensamentos interessantes por conta da história de vida, boas soluções podem surgir dos estagiários, pois são diariamente atualizados na sala de aula”, destaca a Rosângela Lima, da Agipe, associada à Abres.

Isso acontece porque só está apto a exercer a função os estudantes regularmente matriculados em instituições de ensino médio, técnico, superior ou nos dois anos finais da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Acadêmicos de mestrado, MBA ou pós-graduação também têm essa possibilidade.

O mercado para os 50+

Grande parte das pessoas não se consideram preconceituosas com os mais velhos. No entanto, quando olhamos para o cenário empresarial e, especialmente, para os estagiários, existe uma resistência por parte dos gestores. Ou seja, mesmo sendo comum, o etarismo ainda é pouco discutido.

Em muitos casos, esse conflito de gerações acontece de forma involuntária, são os vieses inconscientes e estereótipos construídos a partir de experiências pessoais. Afinal, conforme a expectativa de vida aumenta, os indivíduos seguem profissionalmente e economicamente ativos por mais tempo. Por outro lado, os mais novos ingressam nesse ambiente e se torna inevitável tratar o tema.

Atualmente, temos quatro gerações dentro das empresas: os baby boomers, nascidos de 1946 a 1964; a Geração X, de 1965 a 1979; a Geração Y ou millenials, de 1980 a 2000 e a geração Z, formada por quem nasceu após 2001. Essas pessoas cresceram em contextos econômicos, culturais e sociais diferentes e, agora, atuam juntos, em busca do mesmo objetivo.

Diante desse desafio, cabe ao RH, primeiro, conscientizar os dirigentes sobre a relevância do assunto e, depois, ajudá-los a lidar com a heterogeneidade dos seus times para criar a sensação de pertencimento. Cabe à corporação apostar no aprimoramento das soft skills do seu grupo, criar programas para promover a evolução cultural e incorporar a discussão na rotina.

Trata-se de um esforço diário para promover o respeito. Os recrutadores têm papel essencial nessa tarefa, pois podem dar oportunidade a muita gente desfavorecida. Dessa forma, os mais experientes ajudam com vivências passadas, sabendo lidar melhor com a situação. Da mesma maneira, os jovens tendem a possuir mais facilidade com a tecnologia, por exemplo. Essa junção de conhecimentos é determinante para o sucesso.

As companhias só têm a ganhar unindo colaboradores de todas as idades. As diferenças sempre existirão. O ponto não é eliminá-las, mas potencializar os aspectos positivos, favorecendo o desenvolvimento de todos os envolvidos. Além dos cuidados na hora da admissão, devem existir práticas constantes de treinamento e conscientização dentro do grupo.

Os obstáculos enfrentados pelos autistas

Essas dificuldades podem ser vistas na série The Good Doctor. Após cinco anos no ar, a produção já ensinou sobre autismo, relações, empregabilidade e segurança. O enredo conta a história do Dr. Shaun Murph, o jovem autista, formado em medicina, se torna cirurgião. Muito talentoso, com uma memória espetacular e um entendimento excepcional do corpo humano, ele consegue, com a ajuda do amigo e mentor Dr. Aaron Glassman, um lugar na equipe de um hospital de renome na Califórnia, apesar da resistência inicial do conselho do local.

A série mostra os desafios diários de convivência e o valor dos relacionamentos, pessoais ou profissionais, para o desenvolvimento do cirurgião. Mesmo com um histórico de violência sofrida pelo pai, ele teve o suporte do irmão na adolescência, sempre lhe dizendo o quanto ele era inteligente e capaz. “Pessoas com autismo precisam ouvir isso de seus familiares. Saber da confiança em seu potencial. Da mesma forma, o acompanhamento psicológico é crucial”, explica a psicóloga Milene Rosenthal.

Segundo a especialista, o Transtorno do Espectro Autista – TEA não torna o indivíduo incapacitada para atuar em uma organização. Ao contrário, ela pode agregar, em muitos casos, habilidades importantes e diferenciadas. “O portador do TEA possui aptidões a serem aproveitadas. Enquanto muita gente não gosta de viver com rotinas metódicas e repetitivas, por exemplo, eles acabam tendo mais desenvoltura nesse cenáro. Também contam com memória de longo prazo e memória visual, destrezas muito procuradas”, explica.

Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, cerca de 80% dessa parcela da população está fora do mercado. No Brasil, a inclusão é garantida por lei. Ela determina a participação mínima nas empresas de integrantes com qualquer tipo de deficiência e o panorama também está longe do ideal, assim como verificado em nível global.

Portanto, abra as portas do seu negócio para esses jovens em busca de uma chance para aprenderem e demonstrarem seus talentos. Dessa forma, você estará fortalecendo o seu time, a economia e a educação brasileira. Juntos somos mais fortes!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *