Número de contratações de aprendizes cresce em Alagoas | Tribuna Hoje

Fonte: Tribuna Hoje |

Mesmo na pandemia, aumenta volume de novas vagas em Alagoas em comparativo aos demais estados da federação

O número de contratações de jovens aprendizes em Alagoas teve crescimento mesmo durante a pandemia. O estado foi um dos únicos da Federação a ter esse desempenho levando em consideração o cenário de retração deste tipo de oportunidades.

Conforme dados do e-Social entre os meses de agosto de 2020 e janeiro de 2021 mais de 50 mil vagas de jovem aprendiz foram fechadas em todo o país. Em contrapartida, Alagoas experimentou um crescimento de 1,73% que se manteve até o mês de junho, quando foram disponibilizados os últimos dados. Exemplos de retração são os estados do Goiás (-23,9%) e São Paulo (-20,17)

As oportunidades ofertadas pelos programas de estágio são fundamentais para o desenvolvimento profissional dos jovens. Segundo o auditor fiscal do trabalho, Leandro Carvalho, é indiscutível o impacto que a aprendizagem gera.

“São jovens que estão sendo preparados para o trabalho, estão estudando, se qualificando e terão uma oportunidade para desempenhar, terão experiência, é uma política fundamental”, destaca.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que o jovem aprendiz tem 60% mais chances de contratação.

CASO

É o caso de Maria Érica Ferreira Lima, de 21 anos. Ela atua numa empresa de saneamento localizada em Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas. Erica começou no programa de aprendizagem e estágio e acabou sendo efetivada pela empresa, e com um detalhe: durante a pandemia. Érica conta que este é o seu primeiro emprego formal.

“Eu já tinha passado por outros estágios no Ensino Médio. Ingressei na Agreste Saneamento em janeiro de 2020 com estágio para a grade curricular, já que estou cursando graduação. Eu era do setor de sustentabilidade e, em setembro, passei para o departamento jurídico, como assistente administrativa de regulatório. Nunca imaginei que a contratação viesse tão rápido, esperava que pudesse acontecer após o primeiro ano de estágio ou ao fim do contrato. Foi uma grande surpresa”, enfatiza.

A recém-contratada comemora a mudança, que segundo ela, ampliou sua perspectiva em relação à atividade profissional: antes Érica se imaginava em um canteiro de obras e, atualmente, ela afirma que conseguiu enxergar a Engenharia Civil em muitas outras atribuições, como sustentabilidade e gestão de contratos, função que passou a ocupar.

Iana Maria Porfirio Rocha tem 21 anos e também atua em um programa de aprendizagem. Ela avalia que o mercado de trabalho para os estudantes é bastante restrito. Iana relata que diversos amigos ainda estão à espera de uma contratação.

“Na minha opinião, o que dificulta encontrar um estágio é de fato a ausência de oportunidades. A aprendizagem ou o estágio para mim é uma oportunidade de entender a dinâmica das empresas”, reforça.

Há necessidade de mais políticas públicas

Apesar dos números, o cenário ainda é marcado por desigualdades. Dados da Associação Brasileira do Estágio (Abres) apontam que cerca de 1 milhão de estudantes brasileiros ocupam uma vaga de estágio. No Nordeste este número chega a 89 mil. Mesmo assim, tais números não representam nem 6% de todo o universo de estudantes no país, que ultrapassa os 17 milhões.

Em Alagoas, há cerca de um ano está em vigor um conjunto de leis que favorecem a contratação de aprendizes. As leis são de autoria da deputada Jó Pereira (MDB)

“A legislação do Jovem Aprendiz é um conjunto de três leis que incentivam contratações de jovens, fortalecendo as possibilidades de oferta do primeiro emprego. As leis são as seguintes: Lei 8.269/2020, estabelecendo que só serão concedidos benefícios fiscais, dentro do Prodesin, para empresas que cumpram a Cota de Aprendizagem estabelecida em legislação federal; Lei 8.280/2020, que autoriza o Estado a instituir o Programa Jovem Aprendiz de Alagoas e, entre outros pontos, permite que a administração pública empregue e matricule (em cursos de formação técnico-profissional) um número de aprendizes equivalente a no mínimo 2% e, no máximo, 5% dos servidores públicos estaduais efetivos, em atividade; e a Lei 8287/2020, que determina a obrigatoriedade do cumprimento da Cota de Aprendizagem estabelecida em lei federal como pré-requisito para que empresas participem de processos licitatórios realizados pelo governo de Alagoas”, explica a deputada por meio de assessoria.

Em Alagoas, 2.376 empresas privadas se enquadram na obrigatoriedade da contratação de jovens aprendizes o que representaria um total de 7.209 de vagas. Entretanto, apenas 3.782 vagas de aprendizes estão disponíveis atualmente.

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