Empresas precisam atualizar processos seletivos, aponta pesquisa

70% dos entrevistados preferem que as etapas do processo sejam apenas presenciais
Conquistar uma vaga no mercado de trabalho é o sonho de muitos jovens. Porém encontrar a imaginada oportunidade na empresa mais cobiçada não é uma tarefa tão simples assim. Muitas vezes é necessário se preparar tanto que o processo mais parece um campo de batalhas: qualquer deslize pode ser fatal! Testes, testes e mais testes, intermináveis dinâmicas de grupo, avaliações psicológicas, comportamentais, pessoais, exercícios de raciocínio, entre outras etapas, aproximam ou distanciam o candidato da sua grande chance profissional.

Segundo uma recente pesquisa da Associação Brasileira de Estágios (Abres), dos sete milhões de estudantes brasileiros que estão cursando o nível superior, apenas 10,51% estão estagiando. Presume-se, portanto, que os outros quase 90% estão divididos em três grupos:

1. Em empregos efetivos e até operacionais – exercendo funções diferentes do curso em que estão matriculados;

2. Apenas dedicando-se aos estudos;

3. Com dificuldade de encontrar uma oportunidade de estágio, pelos mais variados motivos.

Alinhar os anseios dos universitários ao que as empresas esperam e como a universidade está preparando esse jovem ainda é uma equação distante de ser resolvida. Para entender qual a impressão e a expectativa dos estudantes e recém-formados em relação ao processo seletivo, a si mesmo, às empresas e o que as instituições de ensino oferecem para ajudá-los nesse caminho, a Universia Brasil e aTrabalhando.com realizaram uma pesquisa nacional inédita com 1.816 universitários em todo país.

Com questões abertas e fechadas, o objetivo da pesquisa que levou cerca de um mês para ser concluída, foi o de descobrir como os jovens veem os processos de estágios e trainees, como eles se sentem, porque desistem ou insistem, como a instituição de ensino os apoia em relação a essa experiência, o que ele espera da contratante e principalmente, qual o modelo de processo seletivo do futuro.

De acordo com Caio Infante, diretor-geral da Trabalhando.com, com os resultados foi possível perceber que infelizmente empresas, jovens e instituições de ensino, não estão caminhando na mesma direção. Um dos papéis das IES é o de preparar seus alunos para o mercado. Porém, os anseios não estão alinhados. Nossa ideia com essa pesquisa era a de desvendar as expectativas dos jovens e das empresas e com o cruzamento desses dados tentar ajudar as três pontas a se conhecerem melhor e quem sabe torná-los mais próximos e mais realizados. Estamos muito satisfeitos com tudo que ouvimos dos jovens. O futuro agora depende das empresas e pelo que vimos ele será de muitas mudanças, explica satisfeito.

De acordo com Luis Cabañas, diretor-geral da Universia a Universia Brasil é um agente integrador entre universidades e empresas. A preparação dos jovens brasileiros para ingressar no mercado de trabalho é um tema de muita relevância”, afirma Cabañas.
A triste decepção com o processo seletivo

O sonho de trabalhar em uma empresa estruturada e cheia de oportunidades encanta o jovem. Muitas vezes, na hora em que escolhe o curso que dedicará 4, 5 e até 6 anos da sua vida, ele já se vê trabalhando naquela empresa ou exercendo aquela função especial. Mas, segundo eles, a barreira imposta pelo processo seletivo é o que mais tem destruído seus planos. As decepções foram as mais comentadas durante a pesquisa: Dinâmicas de grupo mal feitas ou consultorias que te chamam sem você ter os pré-requisitos, reclamou um dos entrevistados. Muitas etapas. Elas são extremamente desgastantes e não chegam a dar parâmetro em absolutamente nada sobre o que você vai executar ou a área que você está pretendendo, justifica outro. A falta de transparência da empresa em relação às atitudes tomadas durante o processo seletivo e ainda a falta de organização poderia me desencorajar a optar por tal empresa se tiver outras oportunidades em vista, desabafa um terceiro.

Os três entrevistados acima infelizmente representam a maioria. Com tudo que ouvimos foi fácil perceber que o jovem mudou, as instituições de ensino estão lutando para acompanhá-los, algumas estão conseguindo, porém, a maioria das empresas está trabalhando com a geração Z, como trabalhava com a Y e esse choque traz decepção para as duas pontas. Jovens e empresas não conseguem se entender: os processos seletivos ainda são iguais, porém o público é diferente e bem mais exigente, explica Infante.

O jovem de hoje quer ver e ser visto. Nos últimos anos, até pelo boom da tecnologia, os processos naturalmente migraram para o mundo virtual e ficaram amarrados a testes, avaliações escritas, e diálogos por e-mail, antes de chegar ao presencial. Incrível perceber que o novo candidato, por exemplo, prefere o contato pessoal, as conversas presenciais do que os processos on-line. O jovem Z precisa do olho no olho, necessita ser ouvido, e isso está distante do que a maioria das empresas tem feito com o passar do tempo, finaliza.
Desvendando o triângulo das bermudas

Dos três principais eixos determinaram a pesquisa: jovem, instituição de ensino e empresa, os entrevistados comentaram livre e abertamente o que pensam a respeito e o que esperam que mude em um futuro próximo:

– 58% estudam em instituições privadas e 42% em públicas;

– 36% estudam na área de humanas e 17% exatas;

– 87% dos entrevistados sabem o que é um programa de estágio ou trainee;

– 76% deles já participaram de um programa de estágio;

– 17% tomaram conhecimento do programa por meio da instituição de ensino;

– 62% buscaram a oportunidade por sua própria conta;

– 70% preferem que as etapas do processo sejam apenas presenciais;

– 41% escolhem participar de um processo pela promessa de aprendizado;

– 32% valorizam remuneração e benefícios;

– 56% abririam mão da remuneração pela aprendizagem;

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