Carnaval faz empresas sofrerem com escassez de candidatos

A época é conhecida pelos empresários e profissionais de Recursos Humanos como de baixa temporada para o encontro entre candidatos e as vagas disponibilizadas. Como as empresas pretendem ofertar oportunidades, vale a pena ficar atendo e aproveitar o período para entrar no mercado de trabalho


Quantas pessoas preferem trabalhar no carnaval a aproveitar as férias para se divertir e descansar? A resposta é óbvia: poucas. Esse é o maior motivo da dificuldade que as empresas encontram ao procurar candidatos para preencherem as vagas ofertadas nessa época. O caso mais comum é com oportunidades de estágio, pois muitos estudantes aproveitam o período de recesso escolar para viajar, deixando, assim, de procurar emprego antes da época festiva para poderem aproveitar melhor seus dias de lazer.

Como se sabe, o primeiro trimestre do ano é a melhor época para quem está em busca de uma oportunidade de emprego ou estágio, pois as empresas renovam ou aumentam sua equipe nesse período. Os números apontam que, mesmo com a crise econômica e as mudanças na nova legislação do estágio, sancionada em setembro do ano passado, as expectativas são de que o número de vagas de estágio aumentem consideravelmente até março deste ano. Uma boa notícia a quem aproveitará a oportunidade propícia à conquista de uma vaga.

Segundo a Associação Brasileira de Estágios (ABRES), a previsão de aumento para o primeiro trimestre é de 150 mil vagas, sendo 105 mil destinadas aos alunos de nível superior e 45 mil aos de ensino médio, um crescimento de 48% em relação ao mesmo período em 2008. Como destaca Giuliano Bortoluci, Diretor de Comunicação da Estagiários.com, empresa especializada no recrutamento de estudantes de ensino médio e superior, esse resultado é uma boa notícia, mas tem um motivo. “Na comparação do início de 2008 e de 2009 com os meses antecedentes, o número de estagiários no país foi muito diferente. No fim do ano passado, houve uma brusca redução nas oportunidades de estágio por conta das mudanças na legislação e da crise econômica, o que não aconteceu no mesmo período de 2007, que o número era muito elevado. Então esse aumento de quase 50% se deu nessa proporção, o que não significa um aumento tão grande”.

Bortoluci afirma que as expectativas de crescimento nos índices de estudantes atuando no mercado de trabalho são muito positivas e que isso é reflexo do esclarecimento quanto às turbulências que as empresas passaram em 2008. “A aprovação da nova lei do estágio trouxe insegurança e muitas dúvidas às organizações, que optaram por não se arriscar naquele momento para novas contratações de jovens talentos. Mas em dezembro, o Ministério do Trabalho publicou uma providencial cartilha esclarecedora sobre a nova lei do estágio e, com o tempo, a situação vem apresentando mudanças significativas. As companhias estão voltando a ver vantagens na seleção dos estudantes”, diz. “Isso trouxe um alívio para os jovens que só viam as vagas diminuírem e agora querem voltar ao mercado ou aproveitar o momento para inserir-se nele”, afirma Giuliano, que alerta também sobre as vantagens de aproveitar o momento para a procura de oportunidades.

O problema é que alguns estudantes ainda não se deram conta de que esse período é o mais favorável para a conquista de estágio e diminuem os esforços na busca por uma vaga quando o carnaval se aproxima. Segundo a Coordenadora de Recursos Humanos do Hospital A.C. Camargo, Marlene Gasparelo, essa não é a única época em que eles encontram problemas no recrutamento e seleção de candidatos para esse perfil. “Nós estamos sofrendo essa dificuldade desde dezembro. No Natal, Ano Novo e Carnaval temos altos índices de ausência nas entrevistas”, conta. “Os estudantes não comparecem quando falamos que é para começar nesse período, eles descartam essa possibilidade”.

Para enfrentar o problema de falta de candidatos, o Hospital A.C Camargo encontrou uma outra maneira de fazer a seleção. Segundo Marlene, isso é feito bem antes do fim do ano e já deixam programado com o futuro estagiário perto do mês de setembro, pois, caso contrário, a dificuldade para encontrarem estudantes para iniciar o trabalho em janeiro é bem maior. “Quando chamamos em novembro ou dezembro, os jovens dão prioridade ao passeio e não à carreira”, finaliza a especialista.

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