Após lei do estágio, oferta de vagas diminui

LEI APROVADA EM SETEMBRO JÁ GERA QUEDA DE ATÉ 40% NA ABERTURA DE CHANCES; MOTIVO É FALTA DE TEMPO PARA AS EMPRESAS SE ADAPTAREM


Pouco mais de um mês depois da aprovação da nova lei que regulamenta os estágios em todo o país, a oferta de vagas para estudantes já caiu cerca de 40%. A informação é do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), empresa que reúne vagas para estagiários de diversas áreas.

A central teve, em agosto deste ano -antes da publicação da lei- a solicitação para a abertura de aproximadamente 8.000 vagas. Em setembro, foram 7.800 oportunidades -a lei foi publicada no dia 25 desse mês e, segundo o Nube, nos dias seguintes à aprovação a queda no número de ofertas foi significativa. Em outubro, porém, o impacto pôde ser melhor observado: 4.640 vagas foram abertas. Segundo a central, nos anos anteriores, a oferta de chances em outubro se manteve estável em relação a agosto e setembro.

“Nossa avaliação inicial era de que haveria uma queda de 20% no total de vagas no país”, afirmou Seme Arome Júnior, presidente da Abres (Associação Brasileira de Estágios). “Essa queda mais acentuada ocorreu porque não houve tempo para que as empresas e instituições de ensino se adaptassem à nova legislação”, completou. Segundo ele, a Abres havia sugerido um prazo de 180 dias para a aplicação da lei, que não foi concedido pelo governo.

O senador Raimundo Colombo (DEM-SC), relator do projeto, concorda que o motivo da queda está relacionado à adaptação das empresas e das escolas, mas tem uma perspectiva positiva para os
próximos meses. “Essa queda inicial era esperada, e acreditamos que, assim que houver uma adaptação, a abertura de vagas voltará a subir.”

Mas nem todos têm perspectivas tão otimistas. “O impacto inicial da lei – relacionado também com a preocupação com a crise na economia – fez todo mundo tirar o pé do acelerador e causar essa redução”, conta Fernando Moya, superintendente de recursos humanos da Associação Comercial de São Paulo. “A situação pode ficar ainda pior quando os contratos antigos forem substituídos. O custo será maior, e serão abertas ainda menos vagas”, prevê.

O texto da legislação define que a nova lei vale apenas para os estagiários com contratos assinados a partir do dia 26 de setembro, data da publicação no “Diário Oficial” da União. Entre as mudanças implantadas estão férias remuneradas, auxílio-transporte e jornada máxima de 30 horas por semana.

(Bruno Saia)

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