Bolsa-auxílio não é suficiente para 65% dos estudantes que pagam a faculdade

Para Caio Infante, diretor da Trabalhando.com, a quantia recebida deve ser negociada na hora da contratação do estudante, para que só assim não haja frustração de ambas as partes

Segundo dados da Associação Brasileira de Estágios (Abres), o Brasil conta atualmente com cerca de 1 milhão de estudantes que participam de estágios remunerados de acordo com seus cursos. A opção é benéfica tanto para o estudante que deseja por em prática aquilo que aprende no decorrer do curso, quanto para as empresas, que são motivadas a investir nesses profissionais em fase de formação em troca de benefícios, como por exemplo, o custo mais baixo dos salários pagos (em média R$ 859,45 no Brasil).

Por outro lado, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), o valor médio da mensalidade nas instituições de ensino brasileiras é de R$ 564.

O site Trabalhando.com realizou uma pesquisa com 440 universitários sobre o uso dos dinheiro recebido através das bolsas-auxílio que eles recebem. O estudo revelou que 34% dos entrevistados utilizam o valor para pagar a faculdade, enquanto 66% não conseguem pagar o valor da mensalidade apenas com o dinheiro do auxílio.

Quando perguntados se o valor recebido era suficiente para pagar a mensalidade da faculdade, 65% disseram que não é suficiente, enquanto apenas 35% afirmaram que o valor é suficiente para o pagamento de despesas relacionadas ao curso.

Outro ponto abordado foi como eles são tratados pelas empresas que trabalham. A maior parte, cerca de 55%, responderam que são tratados como um funcionário qualquer, enquanto 45% afirmam que a empresa dá mais atenção e se preocupa com o aprendizado do estagiário.

Sobre as melhorias, 60% dos entrevistados disseram que gostariam de receber mais benefícios (como vale-transporte e vale-refeição), 33% gostariam de ter uma bolsa-auxílio maior e os outros 7% sugeriram redução das horas de trabalho e maior acompanhamento de seus superiores.

Para Caio Infante, diretor-geral da Trabalhando.com, a quantia recebida deve ser negociada na hora da contratação, antes que o estudante aceite a proposta para que não haja frustração de ambas as partes. O estudante que precisa bancar seus estudos deve expor isso ao seu contratante. Em geral, a empresa não consegue flexibilizar o valor da bolsa-auxílio, mas pode, por exemplo, oferecer benefícios, como o pagamento de uma porcentagem da mensalidade. Com tudo mais claro, a empresa pode buscar algumas alternativas se realmente deseja contratar esse estudante. Obviamente que nem sempre é possível oferecer algo mais, sendo assim, o estudante pode optar com mais clareza se aceita ou não aquela proposta, explica.

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