Existem no Brasil atualmente, de acordo com a Associação Brasileira de Estágios
(Abres), cerca de 900 000 estudantes participando de estágios. Desse total, 650
000 são do ensino superior e 250 000 oriundos do ensino médio. A região Nordeste
responde por 9,1% do total de jovens que estagiam no país (82 000). No Ceará, os
cursos mais demandados pelas empresas cearenses são Administração, Processos
Gerenciais, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Publicidade e Propaganda,
Informática e Afins, Engenharia de Produção e Direito. Em relação ao pagamento
de bolsa-auxílio aos estagiários, o IEL/CE registrou que alunos de Engenharia de
Produção (média de R$ 700), Informática e afins (média de R$ 650), Publicidade e
Propaganda (média de R$ 600) e Administração e Contábeis (média de R$ 550) são
os mais bem remunerados.
Os números mostram a importância desse tipo de
atividade para quem está entrando no mercado de trabalho, levando em conta as
transformações por que passa o mundo laboral nos últimos tempos. A questão foi
abordada pelo gerente da área de estágio do IEL Nacional, Ricardo Romeiro, que
participou no começo de outubro do 8o. Encontro Cearense de Estagiários,
promovido na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) pelo Instituto
Euvaldo Lodi (IEL/CE). O evento constou de um dia inteiro de palestras e debates
buscando sensibilizar os jovens sobre temas importantes ligados à prática do
estágio.
Ricardo Romeiro alertou para um problema preocupante detectado pelas empresas
brasileiras a falta de mão de obra qualificada, com reflexos diretos no
aumento da competitividade no mercado internacional. Segundo ele, em mais da
metade das empresas industriais brasileiras falta mão de obra qualificada, sendo
a área da produção a mais prejudicada. A fim de tentar sanar tal deficiência, a
capacitação dentro da empresa é uma estratégia bastante utilizada para obter
profissionais competentes. De acordo com ele, mais de 80% das empresas
industriais já investem em capacitação.
O diretor do IEL diz que o principal fator
inibidor de mão de obra qualificada é a falta de cursos adequados às
necessidades do mercado. Com a ampliação da atividade industrial prevista para
os próximos anos, estimulando a abertura de novos postos de trabalho, o quadro
tende a se agravar. As principais áreas afetadas são as de produção, pesquisa,
desenvolvimento administrativo e
gerencial.
O panorama traçado por Ricardo Romeiro não se
reportou apenas a problemas. Envolveu também as oportunidades surgidas. Ele
destacou que os próximos anos serão fundamentais para consolidar uma fase boa em
nosso país relacionada ao crescimento do mercado de trabalho. Romeiro lembrou
que o país conseguiu sair da crise financeira mundial sem muitos traumas e está
despontando mundialmente. “Apesar disso, há uma nítida carência de falta de mão
de obra qualificada para ocupações que estão aparecendo”, alertou o diretor do
IEL Nacional.
Ricardo Romeiro entende que o profissional do
século 21 ficará obrigado a se preparar para essa nova realidade, na qual serão
incluídos aspectos de um perfil somando-se formação, apreensão da realidade,
caráter e visão abrangente de mundo. Por isso o estágio, que visa formar o
profissional do futuro, terá de se voltar agora a pontos fundamentais, como foco
em resultados, melhoria no desempenho das empresas, mais responsabilidades, nova
cultura e inserção de estagiários em programas de desenvolvimento empresarial,
empreendedorismo, desenvolvimento regional, responsabilidade social e nos
ambientes de inovação tecnológica.
Na visão de Ricardo Romeiro, o estudante
precisa entender que o estágio é importante para reforçar seu aprendizado, mas o
fato de estar nessa posição não significa que não deva demonstrar interesse por
novos conhecimentos. “O estudante não pode ser acomodado a ponto de achar que a
empresa vai adivinhar as suas necessidades e dificuldades. Se tem dúvida,
pergunte, se não entendeu, esclareça”, sublinhou. Para ele, uma competência
básica que o estagiário dever ter é flexibilidade para mudanças. “Atualmente, as
empresas são muito dinâmicas, logo, as prioridades de trabalho mudam rápido
demais e o estagiário pode não acompanhar ou até mesmo não entender. É
interessante que ele tenha essa competência, pois assim se evita que fique
frustrado em algumas situações ou tenha a impressão de que nunca consegue
terminar suas atividades ou projetos.”
Ricardo Romeiro disse que, diante dessa nova
conjuntura, o IEL vem sendo um grande incentivador da prática de estágio por
considerar que esse tipo de ação representa uma oportunidade de o estudante se
familiarizar com o mercado e, assim, puder definir o que quer em termos de
futura carreira. O executivo afirmou que o momento é importante para a área de
estágio no país porque completou dois anos de um período de adaptação à nova lei
sobre o tema, exigindo que as partes envolvidas no processo se adequassem.