Líderes enfrentam dificuldades para lidar com jovens profissionais, que cresceram em meio aos jogos eletrônicos e têm o imediatismo como principal característica
A chegada da geração que cresceu em frente aos videogames ao mercado de trabalho tem sido desafiadora para os jovens profissionais e seus gestores. Especialistas têm utilizado a terminologia “geração game over” para descrever este grupo que perante as dificuldades, desiste de tudo e busca recomeçar o jogo profissional.
O especialista em desenvolvimento de competências de liderança, Eduardo Shinyashiki, diz que as pessoas com idade entre 20 e 30 anos são um grande desafio para os gestores: “Esta nova geração é marcada pelo imediatismo e pela busca de resultados rápidos e se algo não dá certo, eles finalizam a partida e reiniciam o jogo. O gestor precisa traçar desafios significativos para estes profissionais, com regras mais claras e evitar bajular com promessas para não gerar um nível alto de expectativa”.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres), Seme Arone Junior, diferente da facilidade e praticidade que procuram estes jovens, para se forjar um bom profissional é preciso vencer uma série de etapas. “Nós que estamos ajudando a desenvolvê-los, temos de saber lidar com a situação e treinar a ansiedade, mostrando que a carreira é formada por uma escada e que cada degrau é muito importante para o desenvolvimento de habilidades. Para o jovem, o melhor é manter um diálogo sincero e mostrar-se disposto a aprender, em vez de se desligar”, orienta o presidente.
Uma outra consequência deste imediatismo, segundo o presidente da Abres, é a falta de comprometimento, que no ambiente corporativo resulta na diminuição das oportunidades. “Começa-se a perder chances nas empresas, passando a ser visto como alguém que não se compromete com o trabalho de corpo e alma, desiste com facilidade, não tem flexibilidade e não sabe negociar nem viver em situações de pressão”, observa Arone Junior.
Shinyashiki destaca que as gerações anteriores viviam um tempo linear com etapas bem definidas, diferente do que vemos hoje. A orientação do especialista é que o jovem aceite que está aprendendo e mesmo que tenha a sensação de não estar sendo bem recompensado, que perceba que está ganhando diferenciais e criando bagagem para o futuro de sua carreira.
Mais chances
Na contramão da geração game over, o presidente da Abres traça o perfil profissional desejado pelo mercado: “Precisamos de pessoas flexíveis, com iniciativa, comprometidos com o trabalho, pró-ativos e com habilidade de negociação”.
A política de atração das empresas também tem sofrido transformações em virtude desta nova geração. De acordo com Arone Junior, estão sendo feitas modificações em programas de carreira e houve um aumento da bolsa-auxílio. Ele afirma que em pesquisas realizadas aparece em destaque a necessidade de intensificar os treinamentos para que se aproveite a oportunidade e possa ocorrer a efetivação, além da importância da bolsa, que é responsável pelo financiamento dos estudos.