Após um ano de vigor da nova Lei do Estágio no país, o que mudou não foi somente o número de vagas, que registrou queda de 20%, segundo levantamento da Associação Brasileira de Estágios (Abres); mas também a mentalidade das empresas e dos próprios estagiários.
Por conta das alterações ocorridas, surgiram muitas dúvidas quanto ao novo modelo de contratação. E o resultado foi uma temporária paralisação na oferta de novas vagas e até mesmo demissões, pois em muitos casos, levou-se a crer que era mais benéfico para a empresa, por diversas questões, contratar um profissional formado, ao invés de um estagiário.
Em muitos casos, os estagiários que permaneceram nas empresas sofreram diminuição na bolsa-auxílio, compatível com o número máximo de horas semanais que poderiam estagiar, o que corresponde a 20 horas para o Ensino Médio e 30 horas para o Ensino Superior. De acordo com a Abres, hoje apenas 13,5% dos estudantes de Ensino Superior atuam na área de formação, sendo que para o Ensino Médio, o número corresponde a 3%.
Diante deste cenário, é preciso que se tenha a consciência de que a disputa é grande e é preciso destacar-se em meio a tantos candidatos com o mesmo objetivo. Por isso, investir no conhecimento e em qualificações pessoais é fundamental, pois, nesta fase da vida profissional, como não é possível avaliar experiência no mercado de trabalho, o principal elemento é o potencial do candidato para colocar em prática o que viu na faculdade.
Além de tudo isso, também é levado em conta o conhecimento do estudante sobre o que está acontecendo no mundo e na sua área de atuação, habilidade com línguas estrangeiras, ferramentas técnicas, tendências, bom desempenho em trabalhos de equipe, sua vontade de aprender e principalmente sua postura na hora da entrevista.
É muito comum em uma entrevista o recrutador perguntar se o candidato participa de atividades esportivas que envolvem trabalho em equipe ou então a relação dele com os colegas durante a realização de trabalhos acadêmicos. Nesse segundo caso, o que se pretende é descobrir, ainda que de modo superficial e rápido, como a pessoa irá interagir dentro da empresa. Além disso, muitos consultores de RH utilizam testes comportamentais para identificar o perfil do candidato e avaliar se esse perfil está adequado para as demandas da posição.
Uma das grandes reclamações entre os profissionais de Recursos Humanos é de que falta profissionais qualificados para as vagas oferecidas. Isso inclui competências técnicas, emocionais, postura ao se apresentar e, até mesmo, demonstração de lealdade em relação ao local em que trabalha. Vejo diversos estagiários que não ficam mais do que um mês em cada empresa, o que pode dar sinais de instabilidade e falta de comprometimento.
Para driblar os concorrentes em um mercado tão competitivo e exigente, é preciso investir mais em si mesmo, pois o que as empresas precisam é de pessoas preparadas para enfrentar as dificuldades do trabalho e realizar as atividades com bom senso, pro atividade e competência. Seja um estagiário ou um diretor da empresa. Invista seu tempo na elaboração de um bom currículo e preste atenção aos detalhes. Um erro de português no currículo, por exemplo, pode ser fatal, pois demonstra que ou o candidato não sabe escrever direito ou não dá a devida atenção para sua carreira.
Renato Grinberg é diretor Geral do portal de empregos Trabalhando.com.br