Nova lei de estágio gera polêmica nas empresas

Enquanto algumas companhias afirmam ser pouco afetadas, outras sentem na pele os impactos. É o caso dos escritórios de direito

Um dos pontos de maior polêmica da nova lei de estágios está sendo o limite de permanência dos estagiários na empresa, que não pode ultrapassar o período de dois anos. Enquanto para algumas pessoas, a medida favorece a rotatividade desses jovens no mercado de trabalho, para outros, inibe sua efetivação.

A idéia do estágio é preparar o profissional e quanto menos tempo você tiver para isso, torna-se mais complicado, diz Eliane Ribeiro Gago, especialista em direito trabalhista. Na sua opinião, o acesso às vagas será dificultado aos alunos dos primeiros anos de faculdade, já que as empresas não devem investir em talentos que precisarão dispensar depois.

É o que acontecerá no escritório Pompeu, Longo, Kignel Cipullo Advogados, que possui 50 estagiários. Segundo o sócio José Guilherme Mauger, a partir de agora as vagas serão direcionadas a
alunos do 4º e 5º ano.

Mauger destaca também casos de empresas que necessitam de estagiários trabalhando aos sábados e domingos (no setor varejista, por exemplo) e daqui em diante terão que contratar funcionários para as funções.

Segundo ele, a mudança causará uma redução no número de vagas para estudantes. A lei acabou vindo num mau momento, afirma. Apesar de regulamentar aspectos importantes, foi aprovada em meio a crise que também levará o mercado de trabalho a ficar mais restrito.

Se por um lado as empresas de médio porte, como é o caso do escritório de direito, já começam a sentir os efeitos da nova lei, por outro, as grandes afirmam que serão menos impactadas. De acordo com Bruna Gianella, analista de recursos humanos da Coca-Cola, o principal reflexo aconteceu na cultura da
companhia e não no caixa, já que os gestores precisaram entender os novos direitos dos aprendizes.

Entretanto, a multinacional revela que com a redução da jornada de trabalho, por exemplo, os estágios acontecerão no período das 8h às 14hs e os jovens não terão mais pausa de uma hora para almoço. Apenas um intervalo de 15 minutos.

Além
disso, a empresa prevê ainda um corte no valor da bolsa-auxílio,
oferecida de acordo com as horas trabalhadas que não deve chegar a R$200. Já caminhávamos junto com as medidas que a lei regulamenta. As outras adequações estão acontecendo gradativamente, no momento de renovação dos contratos, afirma Bruna.

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