A nação que não educa inexiste, não simplesmente porque respira analfabeta, mas porque é, outrossim, um não lugar. Educar é verbo e indica ação! Muito além da transmissão de conteúdo, conhecimento, o ato de educar caracteriza a formação integral da pessoa, estímulo ao raciocínio, aprimoramento do senso crítico, desenvolvimento intelectual, físico e moral ao bem viver societário. Permite o autoconhecimento e reconhecer o outro sujeito, não como objeto, mas enquanto ser humano, uma vez que corrobora com as capacidades humanas e com as relações de humanização (NUSSBAUM, M. Sem fins lucrativos, 2015, p. 07).
O Estado Brasileiro, a saber, conta com 8,4 milhões de estudantes matriculados em instituições de ensino superior, sendo 24,6% destes, em instituições públicas. Sabe-se que, em 2018, 3,4 milhões de estudantes ingressaram em uma graduação e, ao término do mesmo ano letivo, 1,2 milhão de estudantes concluíram a educação superior. Contudo, de acordo com a Associação Brasileira de Estágios (Abres), em 2021, cerca de 686 mil brasileiros(as) confirmam ter ensino superior; número, este, inversamente desproporcional se relacionado à população nacional em idade apta para graduação. Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Semesp, através da 11ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, somente 18,1% dos jovens com idade de 18 a 24 anos, por exemplo, estão matriculados em cursos superiores, sendo que apenas 17,4% dos(as) estudantes com ou acima de 25 anos alcançaram a formatura no curso de ingresso. Entende-se, então, o porquê de o Brasil contar com meros 21% da população, com idade de até 34 anos, portadora de título superior de ensino, em junho de 2022.
Atenta à realidade nacional, propositiva à reflexão e ao protagonismo sociotransformador dos cidadãos brasileiros(as), a Conferência Nacional dos Bispos de Brasil (CNBB), através da Campanha da Fraternidade (CF 2022), dialoga a partir do tema: “Fraternidade e Educação”, tendo como lema bíblico: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), no intuito de construir caminhos favoráveis ao humanismo integral e solidário. Somam forças dialógicas e articulam-se, ademais, as Pastorais da Juventude do Brasil (PJ’s) que, desde 2003, protagonizam a Semana do Estudante, de 11 a 17 de agosto, a cada ano, almejando utopias concretas às juventudes.
Por quê? Fazer memória é uma opção pedagógica à historicidade da construção cidadã daquelas pessoas que, à luz da fé, almejam construir uma sociedade justa e fraterna ao seguir os passos de Jesus Cristo. Conversar e sonhar projetos comuns, em prol da Educação, traduz uma expressiva prática testemunhal do Evangelho que, para além da dimensão espiritual, compromete à práxis libertadora do Reino de Deus no cotidiano da vida. Há consciência de quão essencial para a sociedade brasileira é a educação, quando o horizonte é a construção da Civilização do Amor, constantemente ameaçada?
A Semana do Estudante (SdE) nascera há 19 anos, fazendo memória ao Dia Nacional do Estudante, 11 de agosto, data celebrada em razão da criação dos primeiros cursos de ensino superior no Brasil. Cursava Filosofia quando fora lançado o primeiro tema da SdE: “A beleza de ser um eterno aprendiz” exortando à participação estudantil, à cultura e ao lazer. A SdE tornou-se, desde outrora, atividade permanente às juventudes das PJ’s, assim como a Semana da Cidadania (SdC), pois, constrói-se em coletivo pela organização das juventudes, atenta ao cuidado com a vida dos(as) jovens, a exemplo de Jesus Cristo, e de um processo de formação integral com vistas ao desenvolvimento dos sujeitos jovens, protagonistas da história.
As Pastorais da Juventude do Brasil (PJMP, PJR, PJE e PJ) propõem, hoje, à Semana do Estudante, refletir o tema “Educação libertadora como potência para a decolonialidade” revisitando a iluminação bíblica proposta pelo lema da CF 2022. Para quê? Almeja-se estimular o debate nos grupos de jovens, nos espaços de ensino, seja fundamental, médio e/ou superior, no que diz respeito ao acesso, permanência e a qualidade do ensino brasileiro para a real construção de processos gestores de projetos de educação pública, democrática como pilares estruturantes da sociedade do bem viver, capaz de transformar-se e revelar-se libertadora e emancipadora às juventudes.
A arte de educar e educar-se transpira como oxigênio às práticas cidadãs para pessoas de boa vontade, despertando outros sujeitos a caminhar juntos(as) para conhecer, revisitar, avaliar e projetar planos plausíveis de realização social e comunitária. E, por onde começar? Há um subsídio acerca desta temática com textos, reflexões e roteiros de encontros referentes ao tema central que se desdobra em eixos temáticos: “Também é preciso descolonizar a Educação”; “Projeto de Vida e Ensino Médio”; “Exclusão Digital na Educação”; “Educação e Saúde Mental”; “Não dá para Encantar a Política sem uma educação libertadora”. O subsídio de estudos está disponível em: https://www.pj.org.br/subsidio-semana-do-estudante-2022/. Boas leituras, diálogos e ações!