Fonte: Segs |
O coronavírus afetou bruscamente o mercado de estágios e potencializou a evasão escolar
No primeiro trimestre de 2020, junto da eclosão da pandemia, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgou dados do grande impacto da Covid-19 no aprendizado. O resultado assustador mostrou mais de 776 milhões de alunos, entre crianças e adolescentes, fora das salas de aula, por força maior, é claro.
Assim, os efeitos foram se alastrando. De acordo com o estudo do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para Infância (Unicef), “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, divulgado em janeiro deste ano, 1,38 milhão de educandos, entre seis e 17 anos, abandonaram as instituições de ensino. Isso representa 3,8% dos estudantes.
Além disso, 4,12 milhões de matriculados (11,2%) não estão recebendo nenhuma atividade, resultado característico decorrente das aulas on-line. Um cenário triste, pois nem todos têm acesso à tecnologia ou Internet. Na instrução básica a conjuntura é um pouco pior, devido a falta de utilização de meios digitais.
Para agravar as dificuldades, universitários perderam seus empregos e estágios diante da dificuldade global. Isso é, muitos ficaram sem ter como custear seus estudos e acabaram postergando a entrada na graduação. Inclusive, 38% da moçada já adiou esse ingresso na faculdade, conforme o levantamento da Educa Insights, em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). Ou seja, vira um efeito dominó!
Estamos nos recuperando
Na contramão desse cenário, o mercado pede cada vez mais por especializações. Por isso, o ensino a distância (EAD) é uma alternativa e um grande aliado. Afinal, continuando os estudos, a juventude consegue manter ou iniciar um estágio, mesmo durante essa crise.
Ademais, o ideal é a manutenção dessa atuação a distância. Ou seja, mesmo remotamente ainda é possível conseguir a chance de entrar no universo corporativo. Vale reforçar: a Medida Provisória 927/2020 prevê a necessidade de um supervisor para orientação das tarefas, conforme recomenda a Lei 11.788/2008.
Felizmente, o home office passou a ser adotado como uma realidade e isso evitou maiores perdas em postos de estágio. Como consequência, mais vagas foram abertas e o número saiu de 700 mil em 2020, no auge da crise e chegou no mês de março deste ano a 900 mil estagiários, sendo 686 mil do superior e 214 mil do médio e técnico. Um ponto de celebração!
Nesse sentido, a educação e o ato educativo escolar são duas medidas alinhadas, pois a modalidade é voltada apenas para quem está regularmente matriculado. Ou seja, para estagiar é preciso ser estudante. Assim, assegura-se a educação e a formação profissional do indivíduo concomitantemente, bem como reduz aos poucos a taxa de desemprego e evasão escolar do grupo.
Portanto, nesse momento é essencial buscar soluções e recursos para minimizar os efeitos pós-crise. Permaneçamos esperançosos na recuperação do mercado com o andamento da vacinação e tomando as medidas de proteção necessárias. Dessa forma, aceleramos esse processo. Afinal, sua atitude hoje, reflete um futuro muito melhor para o nosso país.
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios