Por que contratar estagiários – e saber desenvolvê-los – é tão fundamental? Considerar estagiários e trainees apenas como uma estratégia de redução de custos é uma visão ultrapassada ainda mantida por algumas empresas. Entretanto, essa percepção não reflete a realidade do potencial desses jovens profissionais.
Em pleno 2024, é crucial que as organizações mudem seu mindset e reconheçam o verdadeiro valor que os universitários podem oferecer. Eles não são apenas uma economia de recursos, mas representam uma fonte de novas habilidades, criatividade e perspectivas inovadoras capazes de impulsionar o crescimento e a inovação da empresa.
Relevante na formação profissional, os programas de estágio e trainee ainda não estão recebendo atenção devida. E não sou eu quem afirma, é a Associação Brasileira de Estágios (Abres), que mostra que de 8.987.120 universitários, apenas 7,9% estão estagiando no momento.. Os dados evidenciam não só necessidade de empresas de abrirem vagas de iniciação no mercado, mas também refletem a necessidade de mudança cultural das organizações, promovendo diversidade, criatividade e a inovação.
Isso está muito alinhado com a nova filosofia das companhias de afastar modelos antigos de trabalho, marcado por horários fixos e rigidez. Assim, os estagiários podem desempenhar um papel fundamental, já que em sua formação há uma cultura mais flexível e orientada para resultados – mesmo que exijam um pouco mais de criatividade e jogo de cintura. Ao adotar uma abordagem baseada em entregas, em vez de focar no tempo de presença no escritório, ajudam a impulsionar uma cultura empresarial mais dinâmica e adaptável.
Geralmente, estamos falando de um público mais jovem, antenado às tendências e super em dia com as novas tecnologias, o que pode repaginar totalmente até as empresas mais tradicionais. Embora tenhamos passado por uma transformação digital gigantesca nos últimos anos, ainda há a fase de consolidação, que exige, acima de tudo, olhar atento às movimentações de mundo e internet – que são divisores de água para uma empresa fazer sucesso ou até mesmo falir.
Também entramos em um ponto fundamental, que é a pluralidade. Os jovens, imersos no ambiente de trabalho, ensinam pessoas com 20 ou 30 anos de carreiras porque trazem novas perspectivas. Assim, investir em talentos jovens, a companhia pode construir um pipeline de talentos mais diversificado e inclusivo.
E digo, porque em 20 anos de carreira, aprendi uma lição: o que faz a empresa são as pessoas. Bons líderes, com capacidade de desenvolver e entender as necessidades coletivas e individuais atraem e retém talentos. E o funcionário feliz sempre entrega muito mais.
Esse investimento de energia, muito mais necessário no começo de uma trajetória, pode parecer um desafio, mas ao fazer, a companhia investe no próprio futuro. Quando começam a ter responsabilidades de um analista, por exemplo, já estão familiarizados com a cultura e os processos da organização, o que reduz significativamente o tempo de adaptação e os custos associados à contratação externa. Além disso, os estagiários que se tornam funcionários em tempo integral têm uma visão clara de crescimento dentro da empresa, o que aumenta sua motivação e lealdade.
Conclui-se, portanto, que o estagiário desempenha um papel estratégico fundamental nas organizações. Ao adotar uma abordagem proativa para recrutar e desenvolver jovens talentos, as empresas fortalecem sua cultura, promovem a diversidade e impulsionam a inovação.
As organizações que ainda relutam em reconhecer esse valor devem, mais do que nunca, repensar o papel dos estudantes, valorizar seu potencial e concentrar-se no aspecto muitas vezes negligenciado: o desenvolvimento profissional.