Fonte: Edição do Brasil |
Até o começo de 2020, antes de sermos afetados pela crise do novo coronavírus, o Brasil tinha cerca de 1 milhão de estagiários espalhados pelo território nacional. Em 2021, houve uma redução de 10% e, agora, 900 mil estudantes conseguem uma oportunidade de ingressar no mercado, ou seja, apenas 5,8% deles.
Os dados são da Associação Brasileira de Estágios (Abres). De acordo com a instituição, a porcentagem poderia ser maior. Isso porque são mais de 17,2 milhões de pessoas que podem ocupar colocações como estagiárias, mas somente 5,2% têm essa chance. Portanto, empreendimentos de todos os setores e segmentos devem entender e conhecer as vantagens desse tipo de contratação.
Para o presidente da Abres, Carlos Henrique Mencaci, a baixa se deve a falta de oportunidades. “Embora essas vagas tragam vantagens e incentivos para as empresas, a adesão ainda é pequena. Logo, a falta de informações a respeito da modalidade pode ser um dos motivos capazes de impactar nesse resultado”.
Ele acrescenta que o estágio é o melhor meio para a inserção desses estudantes no mercado. “Eles têm a chance de colocar em prática o conteúdo ensinado em sala de aula. Se analisarmos a taxa de desocupação no Brasil no que se refere aos jovens, ela ultrapassa o dobro das estatísticas gerais: acima de 31%. É a oportunidade de dar os primeiros passos como profissional, financiar os estudos e conquistar a independência financeira”.
O presidente acredita que falta conscientização por parte das companhias. “O estágio não gera vínculo empregatício, logo, o contratante fica isento dos encargos trabalhistas, como FGTS, 13º salário, etc. Esses são benefícios que facilitam a contratação. Fora isso, o empregador inclui na equipe alguém capaz de somar com energia, proatividade e criatividade”.
Conclusão de curso
A dificuldade em conseguir um estágio pode implicar até mesmo na conclusão do curso, principalmente os voltados à saúde e licenciaturas. “Eles definem em suas cargas uma quantidade de horas de estágio obrigatório e, caso contrário, o estudante não se forma. Justamente pelo número de vagas ser inferior, há uma dificuldade em conseguir estágios”.
Foi exatamente o que sentiu a administradora Vitória Mendes. “Eu buscava uma atividade remunerada, pois precisava do dinheiro para arcar com as despesas da faculdade. Sabia que seria difícil, mas foi quase impossível. Com medo de não me formar fui a várias empresas, pedia para falar no setor de Recursos Humanos ou com o gerente e me oferecia como estagiária. Consegui convencer uma empresa que compreendeu a vantagem de ter uma pessoa trabalhando sem nenhum custo”.
A atitude de Vitória acabou rendendo frutos. “Depois de alguns meses, comecei a receber vale transporte. Fiquei 6 meses na corporação, o que previa minha grade obrigatória. Quando me formei, enviei meu currículo novamente para a empresa, e pelo meu histórico, fui contratada”.
Para o presidente da Abres, a solução para esse déficit poderia ser as empresas começarem a acreditar na força desses potenciais talentos e entenderem como o estágio é uma excelente oportunidade para descobrir novos membros para as equipes. “Como essa é, muitas vezes, a primeira experiência profissional do brasileiro, ele entra sem vícios e isso pode ser a chave para os líderes direcionarem os estagiários para um futuro próspero dentro da organização”.