A crise econômica gerada pela a Covid-19 potencializou o desemprego. Contudo, para os jovens de 18 a 24 anos, a taxa atingiu 16,4 pontos percentuais acima da população em geral no segundo trimestre deste ano. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (PNAD), divulgada em 30 de outubro.
A desocupação para a faixa etária chegou a 29,7% contra 13,3% para a média geral. Desde o início da pesquisa, em 2012, nunca havia se registrado um indicador tão elevado. Na visão de Carlos Henrique Mencaci, presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios, esse cenário acontece porque os mais novos têm mais dificuldade de acesso ao mercado devido à falta de experiência. “É o dilema de não conseguir uma colocação por não possuir vivência, mas também não ter a chance de adquiri-la pelo mesmo motivo”, explica.
Estágio é a saída
Segundo pesquisa do Instituto Semesp, quem possui formação superior tem 54% menos de chance de ficar desempregado em relação a quem possui ensino médio ou fundamental completo. Por isso, a fim de sair da inércia da falta de uma colocação versus baixa formação, o presidente vê o estágio como a melhor alternativa.
“A prática só é permitida para quem está devidamente matriculado e frequentando uma instituição de ensino médio, técnico, superior ou tecnólogo. Por isso, é uma aliada da educação, gerando profissionais mais qualificados para o mundo corporativo”, pontua Mencaci.
O estágio surge como um conciliador da experiência prática, renda e educação. “Ao mesmo tempo, proporciona a bolsa-auxílio, mas também determina uma carga limite de 6 horas diárias e 30 semanais na empresa, proibindo períodos extras. Portanto, é a melhor maneira de inserir as pessoas em formação no ambiente empresarial”, assegura o especialista.
Empresas também saem ganhando
Esse modelo de contratação, segundo a Lei 11.788, é uma proposta diferente da tradicional assinada na Carteira de Trabalho. De acordo com esse dispositivo legal, estagiar não gera vínculo empregatício e isso facilita a abertura de vagas para as corporações interessadas. A contratante fica isenta de pagar FGTS, INSS, 13º salário, ⅓ sobre férias e verbas rescisórias.
“É urgente priorizar a educação e políticas de inclusão dos jovens com a devida capacitação! As corporações são o ambiente ideal para isso. O estagiário poderá ver na prática o funcionamento de sua profissão, desenvolvendo competências técnicas e comportamentais. Vale a pena investir no estudante!”, finaliza Mencaci.