Por Carlos Henrique Mencaci
Em julho deste ano foi lançada a pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação”, da Fundação Roberto Marinho e do Insper, coordenada pelo economista Ricardo Paes de Barros. Nela ficou comprovado o alto gasto do jovem fora da sala de aula para o país, em confronto com a manutenção dos estudos.
Segundo o levantamento, o custo para aluno concluir os anos de educação básica é de cerca de 90 mil reais. Já a evasão escolar gera perda de 372 mil reais por ano. Um número alarmante! Isso pois os concluintes dessa etapa têm mais chances de trabalho e mais tempo de remuneração. Ou seja, maior expectativa de vida com qualidade.
Assim, levando em consideração a taxa de abandono acadêmico de 17,5%, isso é, 575 mil adolescentes, estima-se uma perda de 214 bilhões de reais, anualmente, para o Brasil. Isso equivale a 3,5% do PIB. Logo, uma perspectiva preocupante tanto para a economia, quanto para a educação. Afinal, a mudança da nação é potencializada pelo ensino e pela juventude.
Então, o principal objetivo deve ser estimular o acesso à instrução. Com isso, o estágio é uma oportunidade para esse público voltar para as classes ou até mesmo continuar seu processo de aprendizagem. Isso, somado à chance de trabalharem e se desenvolverem profissionalmente, com uma carga horária reduzida, potencializa ainda mais a carreira desses indivíduos.
Essa possibilidade é muito importante, principalmente frente à taxa de desemprego da população brasileira de 18 a 24 anos. Essa passou de 23,8%, no 4º trimestre de 2019, para 27,1% no 1º trimestre deste ano, de acordo com a Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um número bem acima da média geral de 13,8% do país no período. Por isso, é tão importante as empresas entenderem o seu papel social de empregadoras.
Nesse sentido, o ato educativo escolar supervisionado é um grande aliado da permanência do estudante no ambiente acadêmico. Isso porque só pode exercer a atividade quem está regularmente matriculado e frequentando uma instituição de ensino, seja do nível médio, técnico, superior ou EJA (Educação de Jovens e Adultos). Além do mais, a iniciativa promove uma renda para o educando, por meio da bolsa-auxílio, permitindo melhores condições de vida e a manutenção do seu aprendizado.
O estágio é um tempo de treino e experiência corporativa. Logo, é diferente de emprego (regime CLT) e, assim, não gera vínculo empregatício. Por isso, inclusive, há benefícios para as companhias, veja: a parte concedente fica isenta de encargos trabalhistas, tais como 13º salário, ⅓ sobre férias, FGTS e INSS.
Já os estagiários também têm vantagens como carga horária máxima de seis horas diárias e 30 horas semanais, auxílio-transporte, bolsa-auxílio, recesso remunerado e seguro contra acidentes pessoais. Ou seja, é interessante para as duas partes envolvidas.
Portanto, essa é uma modalidade criada para inserir e manter nossa juventude nas corporações. Faça parte desse projeto, assim, vamos lutar pelo Brasil juntos!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios.