Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que grandes empresas utilizam estágio para atrair e reter talentos. Programas ajudam a melhorar qualificação para mercado de trabalho
Conseguir um emprego é três vezes mais difícil para os jovens do que para a população adulta. Dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a taxa de desocupação entre quem tem 18 a 24 anos é em torno de 12%, enquanto para quem já passou dos 25 anos é de apenas 4%. O relatório Trabalho Decente e Juventude na América Latina, produzido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e divulgado este ano, revela que a situação é um fenômeno mundial, associado à baixa qualificação profissional e à falta de experiência dessa parcela da população.
Uma das estratégias para contornar essa realidade é entrar mais cedo no mercado de trabalho. Para quem está no ensino médio ou no ensino superior, o estágio é uma excelente oportunidade para o estudante ganhar experiência e desenvolver habilidades e competências exigidas no mundo do trabalho, afirma o diretor do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Paulo Mól. Os benefícios são não apenas para os estudantes, mas também para as empresas. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 145 das 250 maiores indústrias brasileiras utilizam o estágio como forma de atrair e reter talentos em suas equipes. O tema é um dos pontos a serem discutidos no 1º Fórum IEL de Carreiras, realizado em Recife até sábado (18).
Segundo Paulo Mól, lidar diretamente com a produção, algo inerente às empresas industriais, permite aos estagiários uma experiência de aprendizado pragmática e focada em resultados. Nas indústrias, estagiários têm, em geral, aprendizado prático mais acelerado e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de habilidades comportamentais facilitado, diz, ao destacar que 70% das maiores indústrias do país têm programas de estágio.
DADOS NACIONAIS A Associação Brasileira de Estágios (Abres) estima que exista um milhão de estagiários no Brasil, dos quais 740 mil são de nível superior e 260 mil de nível médio. A partir de um estudo com 23 mil estagiários de todos os níveis, realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) no final de 2013, foi identificado que a média de remuneração é de R$ 859,45. As vagas de nível superior pagam, em média, R$ 964,81; as de superior tecnológico, R$ 884,00; e as de nível técnico, R$ 670,69.
Nos cursos superiores tecnológicos e nos cursos técnicos de nível médio, os estágios em ocupações ligadas à indústria têm remuneração média melhor que os de outras áreas. Veja tabelas abaixo:
Superior Tecnológico
1 Construção Civil
R$ 1.240,65
2 Secretariado
R$ 1.112,78
3 Polímeros – Plástico
R$ 1.071,86
4 Gestão de Comércio Exterior
R$ 979,30
5 Banco de Dados
R$ 955,81
6 Análise e Desenvolvimento de Sistemas
R$ 947,90
7 Jogos Digitais
R$ 937,83
8 Gestão da Qualidade
R$ 933,28
9 Processos Gerenciais
R$ 922,19
10 Redes de Computadores
R$ 911,90
Médio Técnico
1
Eletrotécnica
R$ 817,50
2
Segurança do Trabalho
R$ 815,44
3
Automação Industrial
R$ 812,37
4
Construção Civil
R$ 804,98
5
Edificações
R$ 779,75
6
Química
R$ 768,77
7
Mecatrônica
R$ 750,01
8
Mecânica
R$ 748,21
9
Eletromecânica
R$ 718,00
10
Eletrotécnica
R$ 702,00
Além da melhor remuneração ainda como estudante, o diretor do IEL conta que o profissional já formado que passou por estágios em indústrias são altamente valorizados. Eles trazem consigo uma vivência organizacional mais abrangente, mais estruturada, mais pragmática, lembra. Por outro lado, ressalta ele, a abrangência da atuação dessas empresas dá ao estudante visão das possibilidades de carreira, possibilitando que escolham melhor seus caminhos baseados em suas competências de destaque.