Profissionais devem estar atentos à nova realidade criada com a nova legislação que regula os estágios
Renato Grinberg
Enfrentar a concorrência
Após um ano de vigor da nova Lei do Estágio no país, o que mudou não foi somente o número de vagas, que registrou queda de 20%, segundo levantamento da Associação Brasileira de Estágios (Abres); mas também a mentalidade das empresas e dos próprios estagiários. Por conta das alterações ocorridas, surgiram muitas dúvidas quanto ao novo modelo de contratação. E o resultado foi uma temporária paralisação na oferta de novas vagas e até mesmo demissões, pois em muitos casos, levou-se a crer que era mais benéfico para a empresa, por diversas questões, contratar um profissional formado, ao invés de um estagiário.
Em muitos casos, os estagiários que permaneceram nas empresas sofreram diminuição na bolsa-auxílio, compatível com o número máximo de horas semanais que poderiam estagiar, o que corresponde a 20 horas para o Ensino Médio e 30 horas para o Ensino Superior. De acordo com a Abres, apenas 13,5% dos estudantes de Ensino Superior atuam na área de formação, sendo que para o Ensino Médio, o número corresponde a 3%.
Diante deste cenário, é preciso que se tenha a consciência de que a disputa é grande e é preciso destacar-se em meio a tantos candidatos com o mesmo objetivo. Por isso, investir no conhecimento e em qualificação pessoal é fundamental, pois, nesta fase da vida profissional, como não é possível avaliar experiência no mercado, o principal elemento é o potencial do candidato para colocar em prática o que viu na faculdade.
Além de tudo isso, também é levado em conta o conhecimento do estudante sobre o que está acontecendo no mundo e na sua área de atuação, habilidade com línguas estrangeiras, ferramentas técnicas, tendências, bom desempenho em trabalhos de equipe, sua vontade de aprender e principalmente sua postura na hora da entrevista.
É muito comum em uma entrevista o recrutador perguntar se o candidato participa de atividades esportivas que envolvem trabalho em equipe ou então a relação dele com os colegas durante a realização de trabalhos acadêmicos. Nesse segundo caso, o que se pretende é descobrir, ainda que de modo superficial, como a pessoa irá interagir na empresa.
Uma das grandes reclamações entre os profissionais de Recursos Humanos é de que falta profissionais qualificados para as vagas oferecidas. Isso inclui competências técnicas, emocionais, postura ao se apresentar e, até mesmo, demonstração de lealdade em relação ao local em que trabalha. Há estagiários que não ficam mais do que um mês em cada empresa, o que pode dar sinais de instabilidade e falta de comprometimento.
Para driblar os concorrentes em um mercado tão competitivo, é preciso investir mais em si mesmo, pois o que as empresas precisam é de pessoas preparadas para enfrentar as dificuldades do trabalho. Invista seu tempo na elaboração de um bom currículo e preste atenção aos detalhes. Um erro de português no currículo, por exemplo, pode ser fatal, pois demonstra que ou o candidato não sabe escrever direito ou não dá a devida atenção para sua carreira.
Renato Grinberg é diretor Geral do portal de empregos Trabalhando.com.br
Nelson Luiz Dias Junior
Então, vamos contratar
Acho que é só uma questão de tempo para os empresários perceberem que essas alterações que ocorreram no ano passado na lei de estágio foram feitas para proteger a empresa de uma série de riscos, e também para resguardar o estagiário.
Desde que a nova lei foi implantada em Outubro/2008, notou-se uma situação de relativo aquecimento no mercado, em relação às ofertas de estágio, sobretudo a partir do segundo semestre de 2009, o que significa dizer que os empregadores já assimilaram melhor a nova lei, e entenderam as suas principais alterações e inovações.
O que de fato restringiu bastante foi a contratação de estagiários do ensino médio. Por conta da má adequação do estágio de ensino médio aplicavam-se funções inadequadas a esses estudantes e não existia um acompanhamento apropriado por parte da instituição de ensino, que em sua grande maioria são escolas públicas sem um departamento específico para cuidar desses estágios, como por exemplo, uma coordenadoria.
O motivo dessa decisão foi que estudantes de ensino médio não tinham bem definido que tipo de atividades podiam exercer antes da sanção da nova lei e agora o limite é de até 20%, dependendo do porte da empresa. Diferente de um curso técnico, por exemplo, acredito que a tendência agora é termos mais oferta nessa modalidade de estágio de técnico para cobrir o déficit do ensino médio. Apesar de existirem menos estudantes do ensino técnico.
Por essas e outras razões, o governo decidiu alterar a lei que era muito evasiva. Claro que tudo tem sua causa e efeito, prós e contras. Por exemplo: a redução da carga horária de 8 horas para 6 horas diárias, fez com que diminuísse a remuneração dos estagiários. Por outro lado, sobrou mais tempo para estudar. Entre as novidades, também veio o direito das férias para o estudante. As empresas também tiveram vantagens, com uma maior segurança jurídica para contratar os seus estagiários.
Foi até natural, portanto, quando ocorreu essa frenagem porque as empresas queriam primeiro conhecer melhor essa nova legislação, assim como muitos empresários ficaram retraídos e inseguros diante do alarde em torno da crise mundial e seus efeitos nos mercados.
Acredito que o Brasil teve forças para superar a crise que impactou todos os setores da economia mundial. Mas acredito principalmente que é, foi e sempre será uma excelente vantagem para as empresas contratarem, treinarem e acreditarem no potencial de seus estagiários pela isenção de encargos sociais como o FGTS, INSS, 13º salário, verbas rescisórias e 1/3 sobre férias, que incidem sobre os contratos de trabalho habituais. Então, vamos contratar…
Nelson Luiz Dias Junior é sócio diretor do SAEE Estágios.