Instituições preveem abertura de 60 mil oportunidades no País. Estudantes de Administração têm maiores chances
Quem está em busca de oportunidade para ingressar no mercado de trabalho deve ficar atento. A temporada de caça ao estagiário já está aberta. O Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) prevê a oferta de 60 mil vagas de estágio no Brasil, entre novembro deste ano e janeiro de 2010. Serão disponibilizadas 600 vagas em Goiás nesse período, mas em 2010 devem ser abertas 14 mil oportunidades. O valor médio das bolsas oferecidas aos estudantes de ensino médio, técnico e superior varia de R$ 350,00 a R$ 800,00, dependendo da carga horária.
Dentre os municípios goianos, Goiânia detém a maior oferta, cerca de 70%. As vagas são para os setores: administrativo, operacional, informática, engenharia, contabilidade, jurídico e saúde. O curso que mais promete em 2010 é o de Administração de Empresas. Outros cursos com maior disponibilidade de vagas para os goianos são: Direito, Informática, Engenharia e Contabilidade.
Segundo o Ciee e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), cerca de 30% de outras boas oportunidades estão espalhadas nos municípios de Anápolis, Catalão, Luziânia, Itumbiara, Rio Verde, Nerópolis, Goianésia, Ceres, Goiatuba, Inaciolândia, Inhumas, São Luís de Montes Belos, Chapadão do Céu, dentre outras.
O Ciee e o IEL preveem a abertura de 14 mil vagas de estágio para o ano que vem. Em 2009 houve uma redução para 12 mil vagas, frente a 13 mil no ano passado, atribuída à adequação a nova lei. De acordo com a Gerente de Programa de Estágio do IEL, Tarciana Nascimento, os cursos técnicos têm vaga certa, com destaques para a construção civil e enfermagem. Das vagas ofertadas, 65% são para cursos superiores; 20% para curso técnico e 15% para o ensino médio.
Interesse
Estudante do 3º ano do ensino médio, Kalil Sena Gomes, 18, começa como suporte na área de Recursos Humanos do Sesi. Ela passou por seleção rigorosa e entrevista com o gerente da repartição. É o segundo estágio da estudante, que já tinha pleiteado a vaga na instituição antes. Aqui aprendi muito, melhorei minhas relações interpessoais.
No seu currículo não faltam cursos extras. Já fez curso de secretariado, informática e agora passou no vestibular para o curso de Gestão de Recursos Humanos, sua área de interesse. Investi na minha área de trabalho com o objetivo de ser efetivada, diz.
Motivada e com muita vontade de permanecer na empresa, se não ocorrer a contração, ela diz que, com a experiência adquirida, terá mais chances de entrar no mercado. Sua dica para conseguir estágio é mostrar interesse, pesquisar sobre a empresa e começar cedo. A força de vontade, o interesse e a determinação de crescer dentro da empresa são quesitos questionados na seleção e que vão fazer a diferença, ensina.
A porta de entrada para o mercado de trabalho para Thiago Gonçalves Dias da Costa, 18, começou com o Programa Menor Aprendiz. Ao completar o ensino fundamental, ele ingressou como estagiário em uma empresa pública. Ele trabalha na coordenação de Recursos Humanos. O jovem recebe uma bolsa no valor de R$ 270, o que ajuda nas despesas diárias. O estágio é como se fosse o primeiro emprego. Pesa muito no currículo, e tenho certeza de que sairei daqui mais preparado para o mercado. Thiago foi aprovado no curso de Direito e agora tem como meta fazer concurso público para ingressar como funcionário efetivado. O estagiário diz que também pretende seguir a carreira de advogado.
Abres aponta recuperação de oportunidades
O presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres), Seme Arone Junior, prevê 1 milhão de vagas de estágio para 2010. Segundo ele, é uma recuperação, já que em 2009 há um deficit de 200 vagas, se comparado com as oportunidades existentes no mesmo período do ano passado. Acredito que a oferta de estágios vai acompanhar o crescimento econômico do País, em torno de 5%. Pesquisa da Abres revela que o total de vagas de estágio no Brasil em 2008, antes da aprovação da Lei nº 11.788, era de 1,1 milhão. Hoje esse número caiu para 900 mil, sendo, 650 mil para o ensino superior e 250 mil para o ensino médio. A Abres aponta ainda uma redução de 65 mil vagas para o nível superior e 135 mil para o nível médio. A lei veio em um péssimo momento, no auge da crise, e os empresários fecharam suas portas para os estagiários, aponta Seme.
Por outro lado, o presidente da Abres observa que muitas vagas para diferentes áreas não são preenchidas devido à falta de candidatos. Os motivos são diversos, entre eles a falta de domínio da língua portuguesa, de ferramentas de informática e postura inadequada. Estatística realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) diz ainda que, de cada dois desempregados, um é jovem e tem entre 15 e 24 anos.
Qualificação é diferencial de candidatos
Para o presidente da Abres, Seme Arone Junior, tem melhores chances de conseguir estágio quem está mais preparado. Atividades extracurriculares também contam pontos, como participação em centro acadêmico, pois demonstra capacidade participativa e de liderança. O bom aproveitamento escolar é fundamental. E a maior dica: ter humildade e vontade de aprender. O presidente da Abres lembra que empresas estrangeiras costumam selecionar quem conhece um outro idioma.
O melhor período para pleitear uma vaga é no primeiro trimestre do ano, diz Seme. Mas ele indica chances também nos meses de novembro até o início de janeiro, quando a concorrência é fraca, por conta das férias escolares, e ainda pode ocorrer desistências de candidatos que já fizeram a seleção.
Nós sempre aconselhamos o jovem a buscar uma vaga já no primeiro ano de curso, e não deixar para o último ano. Dessa forma, é possível construir uma carreira profissional de sucesso, afirma.
O presidente da Abres diz que, para se manter no estágio e até conseguir ser efetivado, é preciso respeitar algumas regras básicas. Uma delas é ter respeito pelo chefe, ser dedicado, saber ouvir e nunca ser arrogante. Fazer cursos específicos e sempre buscar novos conhecimentos. O estágiário precisa ter comprometimento e aproveitar a oportunidade, que é uma vitrine.