A busca por um estágio não tem sido uma tarefa fácil. De acordo com os últimos dados do Inep/MEC, temos 8 milhões de estudantes no ensino superior e mais de 9 milhões no ensino médio e técnico. Porém, apenas 1 milhão estagia no país, segundo pesquisa da Abres. Com tantos candidatos, o primeiro trimestre do ano, chamado de Temporada de Estágios, se destaca por oferecer 20% mais oportunidades em relação aos demais períodos. Entramos no último mês dessa etapa e a expectativa, levando em conta janeiro, fevereiro e março, são 210.500 vagas em todo o Brasil, um pequeno crescimento, de 2,7% em relação a 2016.
O aquecimento ocorre pois muitos alunos se formam e deixam seus postos nas empresas, rescindindo seus contratos, sendo efetivados ou promovidos. Além, é claro, de ter uma renovação natural nas equipes. Assim, até o fim de março, a Abres estima a abertura de 175 mil oportunidades para o ensino superior e tecnólogo, aumento de 2,9% em relação ao ano passado, e 35.500 mil para o nível médio e técnico, avanço de 1,4%.
Apesar do crescimento, o setor de estágios ainda está longe de comemorar, pois já foram oferecidas 240 mil vagas nessa mesma época em 2015. Ao analisarmos os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em dezembro, a taxa total de desemprego tinha alcançado 11,8% no terceiro trimestre de 2016 (hoje está em 12%); porém, entre os jovens de 14 a 24 anos, chegou a 27,7%. Essa realidade é um problema recorrente em todo o mundo. Infelizmente, por falta de experiência, os mais jovens são excluídos do mercado de trabalho, enfrentando mais dificuldades para se inserir ou mesmo recolocar. O atual desafio está em conscientizar o empresário brasileiro a abrir as portas para os interessados, por meio do estágio.
A vantagem é sua concepção: só pode estagiar quem está frequentando a instituição de ensino. Logo, essa prática é a maior patrocinadora da educação no país. Se cada organização desse uma chance para os milhões de perfis aptos, diminuiríamos o percentual de desempregados nessa faixa etária e ainda estaríamos investindo em educação, para mudar de fato, o futuro do Brasil e acabar com os dados negativos da pesquisa do Pnad da geração nem-nem, na qual 46,3% entre 18 e 24 anos estavam fora da sala de aula, apenas trabalhando. Esse dado reflete nosso baixo percentual de população adulta com ensino superior ser de apenas 16,3%, enquanto em países como Colômbia, a taxa chega a 27%, Chile 27% e Coréia do Sul, 69%, segundo levantamento da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2016).
Para quem está de olho no futuro, a dica é aproveitar o tempo livre e fazer cursos extracurriculares, frequentar palestras, workshops e, principalmente, investir no português. Falar corretamente, sem gírias, gerundismo e ter uma boa escrita são pontos de destaque no processo seletivo e farão toda a diferença.
Boa sorte!
Seme Arone Junior é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios