Em todos esses anos atuando no campo do estágio, enxergo a fundo todos os benefícios da modalidade e afirmo com veemência ser uma oportunidade única de aprendizado na prática. Quando se está inserido no ambiente acadêmico, seja no ensino médio, técnico, superior ou EJA, se tem contato apenas com a teoria e colocar a mão na massa é bem diferente. Pensando nisso e em todos os ganhos para os estudantes, hoje resolvi escrever mais sobre a importância do convívio com a realidade laboral.
Mais contato com a rotina e carga horária menor
O ato educativo escolar supervisionado, tem como objetivo preparar novos profissionais para adentrarem no ambiente de trabalho. Logo, uma das suas maiores características é ser realizado e desenvolvido nesse meio, com especialistas do mesmo ramo de estudo do educando para propiciar mais conhecimento, troca de ideias e um networking aprimorado. Torna-se, então, uma grande chance para quem ainda não tem certeza sobre o caminho de carreira escolhido para seguir, conhecendo a fundo as demandas, a rotina e a realidade.
Para contar com uma vivência aprimorada e aproveitá-la ao máximo, a carga horária é reduzida, se comparada ao regime CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Assim, se resume a 4h diárias e 20h semanais ou 6h por dia e 30h na semana, dependendo do tipo de matrícula e fase escolar. Ademais, a jornada de atividade precisa ser compatível com as tarefas acadêmicas e deve ser definida em comum acordo entre todas as partes envolvidas, como a instituição de ensino, parte concedente e o aluno ou seu representante legal.
Documentação e supervisão do estágio
Visando garantir uma ótima trajetória, há um termo de compromisso do estágio, o qual atua como um documento contratual de afirmação da relação. Dessa maneira, para assegurar a supervisão, todos os arquivos associados com a experiência devem se manter disponíveis para fiscalização. Com, no mínimo, seis meses, há também o encaminhamento do relatório de demandas, com vista obrigatória ao estagiário, para a entidade educacional frequentante.
Por fim, o trabalho é acompanhado de perto pela organização, a qual precisa indicar um funcionário do seu quadro de pessoal, com formação ou bagagem profissional na área de conhecimento. O intuito dessa ação é orientar até dez estagiários simultaneamente, conseguindo dar atenção e foco para todos de forma a propiciar maiores crescimentos.
Contraprestação e benefícios monetários
De forma geral, a atuação pode ser dividida em duas opções. No caso do obrigatório, é definido no projeto do curso em andamento, sendo um requisito para aprovação e obtenção do diploma de formação. Já em situações de estágio não obrigatório, sua realização é opcional.
Nesta segunda alternativa, a corporação tem o encargo de oferecer uma bolsa-auxílio, em forma de dinheiro, ou outra contraprestação, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte. Outras vantagens, como vale refeição e alimentação, gympass, dia de folga no aniversário, entre outros, também podem ser disponibilizados, mas não são um encargo do estabelecimento. Contudo, independentemente da circunstância, não é criado vínculo empregatício na modalidade, segundo o artigo 3º da Lei de Estágio (11.788/08).
Para se tornar parte do quadro fixo de colaboradores, o discente precisa passar pelo processo de efetivação, quando ele tem a carteira de trabalho assinada pela empresa. Essa etapa deve ocorrer em até dois anos, pois é o tempo limite de permanência no mesmo local quando se é estagiário.
Logo, a dica dada por mim é aproveitar ao máximo esse período para chamar a atenção positivamente, ser interessado, engajado e com brilho no olho, inteirar-se da cultura local, vestir a camisa e inovar. Esse destaque pode resultar na carteira de trabalho assinada e, segundo dados da Abres (Associação Brasileira de Estágio), entre 40% e 60% desses talentos, de fato chamam a atenção de seus gestores e alcançam o objetivo de se tornarem CLT.
Como um todo, há um apoio para o aprimoramento individual e progresso na carreira, propiciando possibilidades significativas para quem sabe aproveitá-las, gerando um futuro mais próspero para o mercado. Há, também, um avanço e melhoria na formação dos novos trabalhadores, fortalecendo a economia, apoiando a educação e atingindo elevado impacto na sociedade. Apoie a causa e abra as portas do seu negócio para essa moçada!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios