Essa prática aumenta a inovação, melhora os resultados e dá oportunidade para inúmeras pessoas
Ter iniciativas de diversidade, equidade e inclusão são importantes e refletem diretamente na sociedade ao proporcionar oportunidades a classes desfavorecidas historicamente, mas também fortalece muito a sua própria organização. Afinal, ao criar um ambiente com vivências e pontos de vista variados, mais e melhores ideias são debatidas e nascem soluções inovadoras de marketing, sistemas, comunicação, produtos, etc.
São muitos exemplos práticos a serem apontados, por exemplo, a indústria de cosméticos nunca teve shampoos e cremes dirigidos às necessidades da comunidade preta. Simplesmente porque tinha uma equipe de produtos totalmente dirigida por brancos. Um time com várias origens pode levar a soluções e aumento de vendas.
A omni diversidade busca a inserção de todos, leva as pessoas da sua empresa a pensar na sociedade como ela é. Força cada um de nós a sair dos nossos guetos, bolhas, tribos e olhar como os outros vivem, seus valores, como relacionam-se, compram e viajam. Ou seja, é uma ação estratégica para fortalecer a sensibilidade e criatividade de seus colaboradores!
Sendo assim, o indicado aos gestores é buscarem equipes de alta diversidade racial, de gênero, religiosa, inclusão da comunidade LGBTQIA +, pessoas com deficiência e, se possível, de diferentes regiões e até países. Boa parte disso pode começar na contratação de estagiários.
Outro exemplo é a discriminação por peso, seja abertamente ou nos bastidores, com base em vieses conscientes ou não das pessoas. Pode ter um preço significativo, tanto econômica quanto mentalmente, para quem enfrenta. Conforme a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2020, 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais estavam acima do peso em 2019. Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística – Ibope, 92% dos respondentes já sofreram gordofobia no convívio social.
A diversidade no mundo corporativo
Infelizmente, essa não é a realidade no Brasil. Nós precisamos mudar a forma de pensar. Temos milhões de pessoas diferentes por aqui e cada uma com seu jeito, crenças, valores, princípios, orientações sexuais, religiões, interesses econômicos, níveis sociais e trajetórias. Por isso, é essencial para uma organização promover essa mistura para alcançar o sucesso.
Quando um jovem formado em escola pública e família de baixa renda, chega a um alto cargo ou uma posição de destaque na sua profissão, influencia outros milhões na mesma situação. Essa esperança é muito valiosa em nosso país e, portanto, não basta apenas falar em diversidade, é preciso aplicá-la no cotidiano.
Nesse sentido, o estágio é uma peça fundamental para o desenvolvimento da nação. Afinal, só está apto para a modalidade quem estiver matriculado em uma instituição de ensino superior, profissional, médio e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos – EJA.
Além de manter a garotada nas salas de aula, o programa também ajuda financeiramente. Isso porque a corporação deve ofertar uma bolsa-auxílio. Dessa forma, o integrante pode utilizar esse valor para pagar os estudos, sustentar o lar, aplicar em projetos pessoais, investir em novas competências, entre outros. De qualquer forma, estará ajudando a economia a girar.
Conforme esse tema é debatido, a população se torna mais sensível e observadora, principalmente quem atua no ambiente corporativo, pois o mesmo carece de informação a respeito do assunto. Ao dar essa chance de estagiar para indivíduos pertencentes a minorias sociais, cria-se um “efeito dominó” e cada vez mais essa parcela da população estará inserida no mundo corporativo.
Forme novas líderes para o futuro
Contar com mulheres em cargos de liderança significa ter mais igualdade e, com isso, novas maneiras de pensar. De acordo com uma pesquisa recente da KPMG, elas estão assumindo a gestão em setores nunca vistos, como: tecnologia, construção, mineração e automotiva.
Atualmente, as mulheres ocupam 38% das posições de diretoria no Brasil. O índice ainda é baixo, mas está em crescimento. Em 2019, esse número representava 25%. Além de incentivar a contratação das moças, também indico palestras com executivas bem sucedidas, ações sobre discriminação e formar um time respeitoso.
Não há idade máxima para estagiar
Com um mercado cada vez mais concorrido, profissionais com idades mais avançadas buscam por novas carreiras e muitos decidem começar do zero uma nova história. No entanto, ao tentarem ingressar em um estágio, passam dificuldades. Bastante gente me pergunta sobre a idade limite para a modalidade, entretanto, isso não existe. Se você é um estudante regularmente matriculado, está apto.
Os recrutadores devem ter alguns cuidados, como a utilização de linguagem adequada e divulgação correta da vaga. Contar com uma plataforma de fácil uso, treinamentos assertivos e um grupo diverso também trazem efeitos positivos. Setores como a tecnologia, por exemplo, carecem de mão de obra qualificada e tem um grande número de profissionais migrando para a área. Essas pessoas precisarão de uma oportunidade de estágio para vivenciar na prática a teoria da sala de aula.
São várias vantagens adquiridas quando se tem um membro mais experiente no grupo. Ele terá valores sólidos e anos enfrentando adversidades empresariais, solucionando problemas e também fracassando. Tudo isso tem relevância e fará a diferença na hora de tomar uma decisão delicada ou elaborar uma nova estratégia.
Os benefícios para as empresas
Para fomentar essas contratações, a Lei 11.788/08 promove alguns benefícios para quem aderir ao programa. Por não se tratar de um vínculo empregatício, existe a isenção de impostos e direitos trabalhistas, tais como FGTS, INSS, 1/3 sobre férias, multa rescisória de 40% e 13º salário.
Além disso, existem pontos positivos mais subjetivos e difíceis de mensurar. A corporação terá ideias atuais e inovadoras desse grupo mais engajado e por dentro das tendências. Esses proveitos podem ser visualizados no cotidiano e proporciona segurança para uma efetivação futura, pois esse colaborador já estará há algum tempo envolvido na engrenagem e sendo acompanhado por um supervisor.
Dessa forma, será possível conhecê-lo melhor junto ao seu trabalho, pontualidade, dedicação e outras qualidades. Com a popularização do home office, as lideranças podem captar talentos de qualquer localidade. Dessa forma, possui um leque de opções para identificar quem seria o candidato ideal para seu time.
Outra especificidade é na admissão e rescisão do acordo. Ele pode ser encerrado a todo momento, sem aviso prévio, por qualquer uma das partes e, como dito, sem o pagamento de taxas. Caso tenha essa necessidade, a reposição pode ser feita com rapidez e qualidade. Segundo o último censo Inep/MEC, existem mais de 17,4 milhões de pessoas aptas a essa condição, mas apenas 900 mil, pouco mais de 5%, têm essa oportunidade.
Apesar da legislação só permitir a permanência por até dois anos na mesma companhia, dependendo do empenho e dedicação durante o processo, é possível continuar com essa pessoa, registrando por meio da CLT. Dessa forma, é uma maneira de lapidar um futuro integrante do seu quadro de funcionários de acordo com a cultura organizacional, os costumes e as regras ali estabelecidas.
Por isso, mantenha o olho aberto para essa prática e monte uma equipe com estagiários diversos! Dessa forma, você estará ajudando a educação e a economia do nosso país, além de ajudar na tarefa de vivermos em um mundo melhor. A Abres está disposta a ajudar as organizações, adolescentes e o país a garantir um futuro brilhante para a nossa juventude! Conte conosco!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios