Além de estagiar, o colaborador também precisa ser treinado na empresa
Como executivo há anos, com experiências de gestão para variados times, posso dizer o quanto a capacitação constante é um grande diferencial competitivo, atraindo além de estagiários. Dessa forma, cada dia mais essa pauta entra em destaque nas mais diversas corporações, pois me mostra benéfica tanto para a colaborador quanto para a empresa em si, demonstrando bons resultados.
Por que a capacitação corporativa é uma boa ideia para as empresas?
De forma geral, essa qualificação traz ganhos para a organização, favorece o desenvolvimento do colaborador e é positiva para ambos os lados. Segundo o estudo “Workforce Learning Report”, realizado pelo LinkedIn, cerca de 94% dos participantes ficam mais tempo em uma empresa se ela investir em seu desenvolvimento profissional.
Isso também está no radar dos estagiários, principalmente aqueles da Geração Z. Conforme uma pesquisa da Deloitte, 70% desse grupo buscam vagas em companhias com “programas de desenvolvimento” estruturados. Esses jovens representarão 30% da força de trabalho no país até 2030. Por isso, os gestores precisam prestar muita atenção nas preferências dessa audiência.
Em uma visão mais administrativa, o alinhamento contínuo dos times com objetivos institucionais, seja para aprimorar competências ou mesmo para trazer mais qualidade nas entregas, é fundamental para qualquer companhia ter sucesso. Enquanto melhora as competências pertinentes para a realização dos deveres diários, também fortalece a cultura organizacional.
Por esses motivos e outros, a capacitação corporativa está atrelada à confiança e motivação dos colaboradores. Com o isolamento social e as transformações digitais, esse sentimento de estar se atualizando se mostrou indispensável. Essa humanização dos empreendimentos impulsionou diversas estratégias e tornou o treinamento uma necessidade periódica.
De maneira geral, o porte, número de funcionários e segmento pode influenciar a forma de aplicação e acesso aos cursos, mas não necessariamente ao benefício em si. A pior decisão é não se capacitar, deixando a lacuna de domínio de conhecimento sempre maior.
Os estagiários procuram oportunidades em empresas com programas de desenvolvimento
Como citado, gradativamente mais os candidatos buscam vagas com iniciativas voltadas à qualificação do time. Quando trazemos para a ótica do estágio, o aspirante deve necessariamente estar matriculado em uma instituição de ensino e possuir mais de 16 anos para pleitear as ofertas.
Nesse cenário, o estudante tem aulas frequentemente, logo, já está em contato ativo com a inovação. Assim, torna-se mais fácil aprimorar suas habilidades, aprender coisas novas e, principalmente, evoluir como cidadão. Agora, com os ensinamentos empíricos do dia a dia empresarial, consegue colocar em prática os aprendizados e desenvolver experiências essenciais da atuação profissional.
Nesses dias, no qual o estagiário estará presente na corporação durante seis horas diárias e 30h semanais, como pontua a Lei de Estágio, nº 11.788/2008, é imprescindível apresentar desafios conectados ao seu sonho de carreira. Além disso, uma boa dica é aplicar treinamentos diários, dependendo da necessidade do departamento. Assim, estará sempre atualizado e com todas as ferramentas pertinentes para desenvolver um bom trabalho.
Outro ponto favorável em contratar esses integrantes é a possibilidade de moldar um profissional de acordo com a cultura organizacional do negócio. Dessa forma, transpassando para ele todos os costumes e condutas, compartilhando a missão, visão e valor da marca. Como consequência, ao final do contrato de dois anos (no máximo), serão colaboradores aptos a assumir novas funções e responsabilidades, alcançando uma efetivação e, no futuro, a gerência da área.
Veja sinais capazes de demonstrar a necessidade de treinamento corporativo
Nesse cenário, separei alguns sinais responsáveis por demonstrar a necessidade de treinamento corporativo para os colaboradores. Confira:
1) Incapacidade de retenção de talentos:
De acordo com um estudo da Work Institute, a retenção de talentos é uma das maiores preocupações dos empreendimentos bem sucedidos, pois 77% dos motivos de desligamento podem ser evitados. Corroborando com isso, uma pesquisa realizada pela Clear Company, publicada na HR Exchange Network, mostra: 68% dos funcionários consideram o “Treinamento e Desenvolvimento” a política mais importante da gestão de pessoas. Para 40% dos entrevistados, não aprender novas habilidades ou receber qualificações insatisfatórias ou superficiais são razões para deixar os cargos já no primeiro ano.
Assim, os treinamentos corporativos atuam como uma tática efetiva para enfrentar esse problema, motivando a equipe e criando um senso de pertencimento. Para melhorar, o retorno é garantido, porque, para cada real investido em treinamentos, é possível contabilizar 22 reais em ganhos, resultando em um ROI (Return on Investment) de 353%, conforme mostra a Accenture.
2) Baixa produtividade do time
Com meus anos de vivência, posso dizer o quanto a produtividade é menor quando os colaboradores não estão bem preparados para exercer as atividades diárias. Um relatório do Bureau of Labor Statistics, localizado nos Estados Unidos da América, mostra como o rendimento do trabalho pode cair até 2,5% devido à falta de treinamento.
Afinal, o despreparo ocasiona diversos erros, maior intervalo para realizar as tarefas, além de fazer o agente investir um bom tempo para aprender sozinho como finalizar determinada atividade, deixando de ter agilidade e responder rapidamente aos obstáculos apresentados. Nesse caso, a capacitação corporativa é a solução. Isso porque preenche lacunas de maestrías, permitindo mais eficiência no dia a dia.
3) Insatisfação dos colaboradores
O pessoal do RH sabe como resolver os problemas de insatisfação não é uma tarefa simples. Entretanto, todo bom gestor deve identificar essas questões e tentar solucioná-las, garantindo o bem-estar e promovendo um clima organizacional favorável. Segundo uma pesquisa do Gallup, 21% dos funcionários descontentes apontam a falta de treinamento como principal motivo, pois estão com dificuldades para entender como devem trabalhar e atingir os objetivos propostos. Inclusive, essa situação também pode “contaminar” outros departamentos, produzindo insatisfação geral com o passar do tempo.
Por fim, os dados demonstram o quanto investir na qualificação do time é indispensável para um empreendimento ser bem sucedido. Cada vez mais os estagiários procuram aqueles negócios com iniciativas voltadas para uma atualização constante de suas competências. Por isso, é fundamental procurar implementar propostas de capacitação, a fim de agregar benefícios tanto para o colaborador quanto para a receita da empresa. Ao incentivar a educação, conseguimos criar um futuro mais próspero para todos!
*Carlos H. Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres).