Você sabe gerenciar estagiários da nova geração?

Veja como lidar com o perfil dos colaboradores de menos idade

A pandemia e a mentalidade da geração mais recente desafiaram as normas estabelecidas no mundo corporativo. Em vez de se preocuparem apenas com salário e benefícios, muitos estagiários agora buscam um propósito de vida. Essa tendência é especialmente observada entre os mais jovens, pois carregam o sonho de ter uma carreira alinhada com suas crenças e valores pessoais. É importante entender melhor esse panorama atual para captar e reter os grandes talentos em desenvolvimento.

Como conquistar os talentos da nova geração?

De acordo com um estudo conduzido pelo Think Google, 85% da Geração Z, composta por indivíduos nascidos após 2001, está disposta a dedicar parte do seu tempo a causas sociais. Contudo, essa atitude não é comum entre a maioria da população. Com o avanço da era da informação, as pessoas se tornaram mais seletivas, buscando trabalhar em empresas com ideais parecidos com os seus. No entanto, essa oportunidade ainda é limitada às grandes cidades e áreas com mais ofertas de vagas.

Na maior parte do país, os cidadãos ainda buscam uma remuneração capaz de proporcionar conforto e bem-estar para si e suas famílias. O propósito, muitas vezes, fica em segundo plano. Junto com isso, surge o desejo de atuar em um projeto no qual acreditem e ofereça chance de crescimento profissional.

Ademais, há também a necessidade de flexibilidade para conciliar atividades. Nesse sentido, o estágio é uma excelente alternativa. Afinal, a legislação permite a combinação entre a corporação e a sala de aula. A carga horária é limitada e, além disso, o integrante tem direito a bolsa-auxílio, recesso remunerado de 30 dias a cada 12 meses e auxílio-transporte.

Entretanto, como isso funciona?

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  • Bolsa-auxílio: é ofertada no estágio não-obrigatório. A legislação não determina um valor mínimo, mas o interessante é proporcionar uma quantia compatível com com o custo de vida no local, os requisitos exigidos e as tarefas a serem realizadas. Afinal, esse dinheiro, muitas vezes, é utilizado para arcar com gastos estudantis, ajudar nas contas de casa ou sustentar uma família. Caso a remuneração ultrapasse a faixa de isenção da Tabela do IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte), um desconto na fonte pode ocorrer.
  • Carga horária: é limitada em seis horas diárias e 30h semanais. Horas (jornadas) extras não são permitidas. Assim, possibilita ao aluno conciliar os estudos e a prática organizacional. Em época de provas, esse tempo pode ser reduzido pela metade. Para isso, a instituição de ensino deve enviar o calendário para a contratante no início do período letivo. Contudo, isso pode ser abatido da remuneração no final do mês.
  • Recesso remunerado: a cada 12 meses na companhia, esse membro tem direito a 30 dias de recesso remunerado (ou proporcional). Aqui, aconselho a combinar esse momento com as férias escolares. Assim, é possível um descanso completo, aproveitar com familiares e amigos ou tirar do papel algum projeto pessoal.
  • Auxílio-transporte: ofertado apenas quando há necessidade de deslocamento. Quanto ao home office, por exemplo, não existe essa obrigatoriedade.

A liderança ainda desempenha um papel decisivo na preferência de um local de trabalho em relação a outro. Um gestor precisa ser inspirador e ajudar as pessoas a se desenvolverem enquanto cumprem as demandas, demonstrando sua capacidade de gerar resultados.

Como chamar a atenção dos recrutadores?

Para quem deseja ter opções, é necessário buscar diferenciais. É interessante compreender as tendências e encontrar pontos de interseção entre suas paixões, expectativas e habilidades com as demandas das organizações. Estar sempre aprendendo, ter conhecimento em outros idiomas e dominar as plataformas digitais e redes sociais são alguns exemplos.

Portanto, esse é um período positivo para estudantes em busca de oportunidades. O mercado de estágios está em alta, pois muitos líderes perceberam a necessidade de contratar jovens para atualizar seus negócios e fortalecer suas equipes. Tornar-se um colaborador valioso e disputado nunca foi tão acessível. Não é mais necessário se limitar à educação tradicional. Felizmente, hoje existem inúmeras alternativas de cursos de qualificação disponíveis para serem realizados de qualquer lugar e até mesmo de graça. Identificar possibilidades e se preparar para elas é fundamental, assim como estar sempre se reciclando.

Também é essencial cuidar da sua imagem. Além de ser reconhecido pelo trabalho realizado, é preciso construir uma reputação, atraindo atenção estrategicamente e alinhando-a aos objetivos pessoais. Estar presente no LinkedIn, por exemplo, é uma ótima maneira de expor seus talentos. Outra estratégia relevante é investir em networking. Compartilhar experiências e estar próximo de profissionais consolidados é crucial.

Os efeitos da Geração Z na sociedade

No Brasil, a Geração Z representa cerca de 24% dos habitantes do país, mais de 51 milhões de pessoas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e da pesquisa “Millennials – Unravelling the Habits of Generation Y in Brazil” conduzida pelo Itaú BBA. É cada vez mais relevante direcionar atenção a esse segmento da população, pois eles estão se tornando adultos e ingressando nas instituições, seja como parte da equipe ou como consumidores.

Segundo levantamento realizado pelo LinkedIn, apenas 21% desses jovens em todo o mundo se sentem representados nas campanhas publicitárias. Além disso, 36% deles não se consideram valorizados pelas instituições e seus gestores. Os indivíduos com menos de 21 anos já estão levantando suas vozes em questões sociais, políticas e econômicas, além de influenciarem tendências e serem compradores ativos. Conforme um estudo do Google Consumer Survey, 30% deles têm o sonho de abrir o próprio negócio e 15% têm a intenção de conquistar uma grande riqueza financeira.

Diante desse contexto, há um potencial em ascensão. Portanto, os gestores precisam compreender como conquistar esse grupo, pois eles questionam a verdade, têm opiniões e exercem influência. É interessante contar com esse pessoal, afinal, eles dominam a linguagem da Internet, estão atualizados sobre os assuntos em alta e têm sede de crescimento. Prepará-los para o futuro é a melhor estratégia para o sucesso.

Além disso, há benefícios para ambas as partes envolvidas nessa relação. É uma situação de ganha-ganha. O contratado vai se familiarizando com sua profissão e o cotidiano corporativo, adquirindo experiência prática para complementar a formação teórica. Por outro lado, a entidade está moldando um talento para se tornar funcionário, além de estar isenta de encargos trabalhistas e impostos, como FGTS, INSS, 1/3 sobre férias, multa rescisória de 40% e 13º salário.

Portanto, abra as portas do seu negócio para essa juventude motivada, ávida por mostrar seu potencial e contribuir para o desenvolvimento. Dessa forma, além de fortalecer sua equipe, você estará colaborando com a economia e a educação do Brasil. Essa luta é de todos nós. Conte com a Abres!

*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios – Abres

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