Boas práticas fazem a diferença no desenvolvimento do colaborador
Nos últimos anos, nossas vidas passaram por inúmeras mudanças em todos os âmbitos, como formatos de trabalho, alternativas de entretenimento e maneiras de relacionamento. No entanto, algumas novidades oriundas desse momento permanecerão. Afinal, se mostraram positivas com o passar do tempo e proporcionaram benefícios para colaboradores e gestores. O Dia do Estagiário é celebrado em 18 de agosto. Essa é uma data interessante para alertar os líderes sobre os benefícios, tendências e expectativas dessa classe. Além disso, destacar o quão fundamental é atrair e reter os melhores talentos.
A importância da opção de home office
Algumas companhias resistiram, não se adaptaram aos anseios da equipe e, agora, vivenciam altas taxas de turnover e a dificuldade de obter mão de obra qualificada. Em contrapartida, quem aproveitou o período para reestruturar seus processos e modelo de trabalho desfruta de times mais engajados, comprometidos e produtivos. Essa mudança comportamental já está sendo mensurada por estudos. De acordo com a consultoria EY, o modelo híbrido de atuação é mais aceito pelos brasileiros em relação a outros países. Eu percebo isso diariamente observando como as vagas com essa opção flexível chamam mais a atenção dos candidatos.
Sem transporte público, estresse no trânsito, corrida contra o tempo e gastos com deslocamento, é fácil entender a razão dessa preferência. A solução para isso é encontrar um meio termo entre os anseios dos colaboradores e das corporações. Não adianta ter o time todos os dias presencialmente com pouca produtividade, motivação e senso de comprometimento.
Dessa forma, existem diversos benefícios com esse método. Os moradores das cidades pequenas, com poucas oportunidades, podem estagiar em grandes metrópoles, inclusive de outros estados. Por outro lado, os recrutadores ganham também um leque maior de opções, aumentando a chance de encontrar a peça ideal para preencher seu quadro. Nesse formato, não há a necessidade do pagamento de auxílio-transporte. Afinal, não há deslocamento do estagiário.
A sociedade evoluiu com os desafios impostos pelo isolamento social. Tudo isso precisa ser compreendido e cabe aos dirigentes se adequarem para manter sua empresa atrativa e não taxada como retrógrada e desatualizada. Vários fatores passaram a ser mais valorizados e levados em consideração. Atualmente, oferecer apenas uma bolsa auxílio alta não é o suficiente.
Muitas pessoas estão insatisfeitas
Mudar de profissão se tornou algo comum. Seja para buscar um objetivo maior ou ter uma carreira mais prazerosa, muita gente decidiu alterar sua rota. Na pandemia, a população mundial percebeu como é relevante desfrutar da melhor maneira possível a cada dia. Segundo levantamento realizado pelo Linkedin, em dezembro de 2021, com mais de mil entrevistados, 49% dos brasileiros consideravam conquistar outra colocação em 2022. A porcentagem aumentava entre os jovens de 16 a 24 anos, passando para 61%.
Por vários motivos um estagiário ou funcionário pode desejar um novo caminho e seguir uma jornada de acordo com os seus sonhos e princípios. Segundo o relatório ‘Protegendo o Futuro do Trabalho’, dentre os principais motivos para trocar de carreira, estão: equilíbrio entre vida pessoal e profissional (50%), o desejo por uma remuneração mais alta (49%), a busca por uma função mais significativa (31%), reduzir a carga horária (31%) e trabalhar por prazer (14%).
Dessa forma, é fundamental se atentar a alguns pontos. Não há motivos para deixar de selecionar quem esteja com mais idade, 30, 40, 50 anos ou mais. Por que não ser uma empresa inclusive e dar chance a esse novo talento, muitas vezes vindo de uma carreira diferente? Certamente, esse talento irá te surpreender! Outra coisa. O estágio não significa mão de obra barata e, portanto, sempre aconselho os gestores a ofertarem uma B.A. interessante, compatível com os requisitos exigidos, as tarefas a serem executadas por esse membro e o custo de vida na região. Afinal, esse valor muitas vezes é utilizado para pagar os estudos, ajudar nas finanças em casa ou até sustentar uma família. Apesar dos candidatos prezarem por outros aspectos, quando esse recebimento está acima da média, faz os olhos deles brilharem.
Outro ponto a se destacar é a importância dos estudantes viverem na prática o conteúdo aprendido na sala de aula. Ou seja, inclua-os em reuniões, dê voz, trate-os como os demais, passe atividades condizentes com a futura profissão deles, deposite sua confiança e prepare-os para, no futuro, serem capazes de assumirem uma posição mais alta no seu negócio. Contudo, essa atitude deve sempre ser supervisionada por alguém mais experiente, como exige a Lei 11.788/2008.
Ademais, o sonho de todo estagiário é a continuação na organização por meio da efetivação. Logo, proporcione essa chance a eles. Se o indivíduo não tem perspectiva de crescimento e não enxerga a possibilidade de receber oportunidades, tudo perde o sentido e, consequentemente, o seu empreendimento sofre. A falta de motivação e engajamento da equipe impacta diretamente nos resultados. Afinal, o primeiro pensamento é: por qual razão se estressar, gastar energia, dar o máximo, se os dias naquele local estão contados e tem prazo de validade? Segundo dados da Associação Brasileira de Estágios – Abres, entre 40% e 60% dos participantes do programa são reconhecidos pelos chefes e conquistam a carteira de trabalho assinada. Para mim, esse número pode e deve aumentar.
Como costumo dizer, essa é uma relação de ganha-ganha. Além do estudante receber uma quantia, vivenciar o cotidiano corporativo e ser assegurado por uma série de direitos regulamentados, a organização também é beneficiada. Esse integrante chega com vontade de aprender e mostrar serviço, disposto a dar novas ideias atualizadas com os conteúdos adquiridos no seu curso e com energia de sobra para alavancar o rendimento da instituição. Por não criar vínculo empregatício, a contratante fica isenta de encargos trabalhistas, como FGTS, INSS, 13º salário, ⅓ sobre férias e verbas rescisórias. No entanto, os executivos são livres para oferecer diversas bonificações e conquistar a moçada.
Por isso, abra as portas para esse grupo com enorme potencial. Você ajudará ainda a economia e a educação do Brasil. Conte com a Abres nessa missão de deixar o nosso país cada vez mais forte. Deixo meus parabéns a todos os estagiários, a quem contrata estagiários e aos futuros estagiários!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios