Mercado de trabalho para os negros

A abolição da escravidão ocorreu em 1888, mas a disparidade entre as raças ainda é bem relevante. De acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na idade de estar na faculdade, 53,2% dos negros ainda estão cursando nível fundamental ou médio, ante 29,1% dos brancos.

Já segundo os últimos dados do Censo Inep/MEC, levando em conta todas as idades, 6% são universitários negros e 24% pardos, isso é, 30% do total de graduandos, ou 2,4 milhões. Os números impressionam se levarmos em conta o fato de termos 205,5 milhões de habitantes, sendo 46,7% representado por pardos e 8,2% por negros, ou seja, a grande maioria. Assim revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD).

A remuneração também é discrepante entre os grupos. De acordo com a entidade humanitária Oxfam, o salário só será igualitário no país em 2089, daqui 72 anos. Em 2016, a renda média real foi estimada em R$ 2.043. Quando avaliada por nichos, a diferença é muito grande. O rendimento dos brancos era de R$ 2.660, enquanto o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480 e o dos trabalhadores, os quais se declararam pretos, R$ 1.461.

Levando em conta essa realidade, quais políticas públicas seriam capazes de diminuir a desigualdade e dar mais oportunidades? A aprendizagem e o estágio entram como instrumentos de mudança. Afinal, promovem cidadania e contato com o mundo corporativo, ajudando a ultrapassar barreiras e desenvolver o lado profissional de cada um.

Como não exigem experiência, permitem a quem está em situação de vulnerabilidade a chance de se manter, por meio da educação, no mercado de trabalho. Portanto, fica para as organizações a ressalva de abrir mais chances de colocação por meio dessas modalidades. Já para os jovens, o incentivo de buscar uma experincia como estagiário ou aprendiz e, assim, se destacar.

Certamente, dessa forma, construiremos um Brasil de todos!

Seme Arone Junior é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *