Jornada de trabalho e estudo

O Censo do Inep/MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Ministério da Educação) da Educação Superior 2008 registrou 5.080.056 matrículas contra 4.880.381 no ano anterior, um crescimento de 4,1%. Já no ensino médio, os dados são de 2009 e apontam 8.337.160 matrículas, resultado equivalente a uma queda de 0,3%, pois, em 2008, esse número era de 8.366.100.

Essas informações sinalizam uma situação preocupante: ingressam nas universidades somente 60% dos jovens concluintes do ensino médio. Mais de três milhões não conseguem cursar o ensino superior. Ainda de acordo com o Inep, do total de universitários, 3.179.613 (62,5%) estudam no período noturno. A conclusão é a seguinte: cresceu o número de estudantes que trabalham no País.

A realidade do universitário brasileiro surge em função da necessidade de custear os próprios estudos. Porém, essa jornada dupla pode durar mais de 12 horas por dia, prejudicando não só a saúde, como também o desempenho acadêmico desses jovens.

Segundo pesquisa realizada pela professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, Frida Maria Fischer, quanto mais horas o estudante trabalhava, menos tempo se dedicava às aulas. E, durante a semana, eles dormiam no máximo seis horas e meia por dia.

Se por um lado é cansativo, sem essa rotina esses jovens não conseguem um diploma. No entanto, há uma solução para esse impasse: o estágio. Por meio dele, o estudante não deixa de ganhar o seu dinheiro para financiar o curso e ainda realiza atividades coerentes ao seu conteúdo pedagógico no dia a dia, ganhando mais conhecimentos sobre a área escolhida.

Com a nova Lei do Estágio, a jornada diária passou a ser de seis horas. O intuito é justamente dar mais tempo para os estagiários se dedicarem aos estudos. Como a Associação Brasileira de Estágios (Abres) sempre defende, o estágio é a melhor política de inserção do jovem no mercado de trabalho e ainda ajuda a evitar a evasão escolar.

É verdade que não há vagas suficientes para suprir todos os estudantes do Brasil, mas com a retomada da economia, a Abres prevê para 2010 um cenário mais positivo. O crescimento na oferta de oportunidades deve chegar a 11%, batendo novamente a casa do um milhão.

Seme Arone Junior é presidente da Associação Brasileiro de Estágios (Abres)

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