Estágio em alta

Boa maneira de começar – Apesar das poucas vagas em todo o País, região comemora

As oportunidades de estágio para os cerca de 4,68 milhões de alunos
matriculados em instituições de ensino superior de todo o País são
escassas, em decorrência, principalmente, do baixo número de vagas
ofertadas pelas empresas (aproximadamente 475 mil). Segundo
levantamento da Associação Brasileira de Estágios (Abres) realizada
este ano com base no Censo Escolar 2006 do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), somente 15,3%
dos universitários estagia durante a graduação.

Em Campinas e região, porém, a realidade é mais animadora. De acordo
com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) do município, hoje, há
mais de 8 mil estagiários contratados em 1.550 empresas de 53 cidades
da região. Além disso, há grande demanda em carreiras como
administração, engenharias, arquitetura e urbanismo, Direito, educação
física, marketing, ciências contábeis, informática e engenharia da
computação.

Esse panorama é ratificado pela gerente de RH do Grupo Foco Fabíola
Lencastre. Em linhas qualitativas, o que temos observado é a
valorização desse tipo mão-de-obra por parte das empresas,
principalmente por conta das vagas estratégicas a serem ocupadas e da
possibilidade de se moldar o estagiário de acordo com as necessidades
da empresa, pondera.

PRECOCE. É o caso do aluno do primeiro ano da
faculdade de Sistemas de Informação da PUC-Campinas Esdras Padial.
Graças ao superaquecimento do mercado regional do setor de análise de
sistemas, ele conseguiu um estágio antes mesmo de iniciar o período
letivo. Soube que a IBM estava selecionando estagiários e decidi me
inscrever no site da empresa. Como tenho inglês e espanhol fluentes,
garanti uma oportunidade logo depois de fazer a matrícula na
faculdade, conta o estudante, que receberá R$ 600,00 de bolsa-auxílio
da empresa durante os três primeiros meses de estágio, e sabe que pode
ser contratado tão logo conclua esta etapa.

De acordo com o diretor da faculdade de Sistemas da Informação José
Estevão Picarelli, mais de 44% dos formandos de 2007 tinham garantido o
emprego antes de receberem o diploma. A grande vantagem do estágio é
poder aliar o que vou aprender em sala de aula à prática, e justamente
atuar desde já na área em que pretendo trabalhar, comemora Padial.

Em algumas carreiras é mais difícil

 Mas, se em algumas carreiras as possibilidades de estágio são altas,
em outras as vagas parecem sumir diante dos olhos. Nesse caso, é
preciso um pouco mais de sorte e espírito empreendedor. Quem é da área
da saúde sabe que é mais difícil conseguir estágio, ainda mais
remunerado. Do segundo ano da faculdade em diante, fiz estágio
voluntário em uma clínica particular e, também na Sobrapar. Com
certeza, essas experiências contam muito. Então é preciso correr atrás
das empresas, afirma a aluna do último ano da faculdade de
Fonoaudiologia da PUC-Campinas Beatriz Leonardi.

Por isso, a gerente de RH Fabíola Lencastre adverte que os
universitários devem entrar nos sites das empresas que lhes interessam
e cadastrar o currículo, além de contar com a intermediação de
consultorias de RH e centros de integração entre as empresas e a
universidade. Deve-se ter em mente que a grande maioria dos processos
de recrutamento e seleção ocorre virtualmente, diz.

O que fazemos é selecionar os candidatos cadastrados em nosso banco de
dados e encaminhá-los para o processo de seleção. Quem dá a palavra
final é sempre a empresa que abre a vaga, complementa Rosângela
Pereira, supervisora do CIEE Campinas.

Regras

Há critérios rígidos para que o universitário possa ser contratado por
uma empresa, uma vez que as regras trabalhistas em vigor visam
distinguir trabalhadores de estagiários. O único encargo que as
empresas são obrigadas a pagar ao estudante regularmente matriculado em
instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação
é o seguro de acidentes pessoais. Mas, a fim de assegurar algum
benefício além do aprendizado, os centros de integração empresa-escola
intervêm.

Além de negociarmos o pagamento de bolsas-auxílio e benefícios como
vale-transporte e refeição com as empresas, estipulamos que os
estagiários nunca ultrapassem as 40 horas semanais, nem que o período
de contratação exceda dois anos. Afinal a experiência de estágio não
deve interferir no horário e rendimento escolar, explica Rosângela
Pereira, supervisora do CIEE.

Érica Araium / erica.nogueira@rac.com.br
Da Agência Anhangüera

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