Senado vota lei de estágios que pode prejudicar até 300 mil jovens

Alteração no Projeto de Lei pode causar impacto violento na vida de 13 milhões
de estudantes no Brasil
Será votado no Senado o PLC 44/2007, um projeto de
lei de autoria do Governo que o encaminhou com urgência constitucional para
aprová-lo no Congresso. O mesmo já está trancando a pauta do Senado e pode ser
votado a qualquer momento. A desculpa da pressa é que a medida faz parte do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento) da educação. Na prática serão colocados
300 mil estagiários na rua. O Governo tem esperança de converter essas vagas em
carteiras de trabalho, nada relacionadas com educação em si.
O projeto de
lei que já foi analisado pelas Comissões de Educação e Assuntos Sociais e foi
relatado pelos senadores Ideli Salvatti e Raimundo Colombo retrocedeu ao impor
limitação no número de estagiários em 20% do número de funcionários. Para as
pequenas e médias empresas, como escritórios de advocacia, consultorias diversas
e outros, responsáveis pela maioria da contratação de estagiários, será um
impacto negativo em custos, já para os estudantes a perda da melhor porta de
entrada no mercado de trabalho. “Acreditamos que faltou sensibilidade dos
Senadores ao limitar a contratação exatamente para quem mais precisa e mais
emprega no Brasil”, explica Carlos Henrique Mencaci, presidente da Abres –
Associação Brasileira de Estágios.
Segundo Mencaci uma empresa com cinco
funcionários pode, atualmente, ter até três ou quatro estagiários. Caso o
projeto de lei do governo seja aprovado, ela poderá ter somente um estudante
estagiando. Todos os demais serão dispensados.
Com a nova proposição todos
os estágios devem ter no máximo 6 horas diárias e 30 semanais, terão direito a
férias remuneradas e vale-transporte. Os profissionais liberais de nível
superior (com registro em conselhos regionais), como advogados, engenheiros e
outros poderão contratar estagiários.
Mas de nada adiantaram esses avanços e
benefícios aos estudantes se o limitador for colocado. “Em vez de aumentarmos o
número de vagas vamos diminuir, o que é um absurdo, afinal dos 13 milhões de
estudantes de ensino médio e superior, somente 1 milhão faz estágios”, explica
Mencaci.
O retrocesso foi a tabela elaborada pelo dispositivo legal
determinando que micro e pequenas empresas com até cinco funcionários poderão
contratar somente um estudante, já as que possuem de seis a dez funcionários,
poderão contratar dois estagiários.
O problema do desemprego estrutural
brasileiro tem que ser resolvido com educação, para educar temos que manter o
jovem nas escolas e mantê-lo em troca de renda é o mais eficiente método. O
estágio é exatamente esta ferramenta e por isso deve ser ampliado e não
reduzido. “O Governo quer um pouco mais de carteiras de trabalho assinadas no
curto prazo, mas estaremos solapando milhões de carteiras de jovens educandos no
médio prazo e com renda muito maior. Um desestímulo à educação”, ressalta
Mencaci.
“O estágio provê renda, viabiliza os estudos para um bom número de
jovens pobres e tira das ruas milhares de adolescentes”, exalta Mencaci.

Atualmente existe no Brasil um milhão de estagiários e segundo pesquisas
realizadas pela Associação Brasileira de Estágios cerca de 40% destes são
efetivados pelas próprias empresas, possibilitando assim a primeira experiência
profissional em carteira assinada.
Se o projeto encaminhado pelo Governo for
aprovado da forma como a relatoria feita pelos senadores Raimundo Colombo e
Ideli Salvatti produziu a situação será de total caos na vida de estudantes e um
verdadeiro atropelo para as micro e pequenas empresas. Diferentemente da
proposta defendida pela Abres de aumentar a oferta de estágio para estudantes de
nível médio e superior, pode ser votado justamente o contrário, ou seja,
diminuir em até 30% a oferta de vagas. Quem ganha com isso? A Abres critica o
projeto e defende os estudantes sobre essa causa.
É importante ressaltar que
atualmente, do total de brasileiros entre 16 e 24 anos (35,1 mi), 65,3% estão no
mercado de trabalho, mas somente 46,8% são estudantes. Existem oito milhões de
jovens que não estudam nem trabalham e cujas famílias vivem com renda inferior a
metade do salário mínimo.
A Abres defende que o estágio é um ótimo meio de
incentivo para que eles possam retornar a vida escolar e conquistar a
oportunidade de construir uma carreira profissional.

Serviço:
Senado
vota a nova Lei de Estágios que poderá diminuir 300 mil vagas de estágio no
Brasil
Local: Plenário do Senado
Fonte: Carlos Henrique Mencaci –
Presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios

Redação: Jornal Local

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