Começos tendem a ser desafiadores para a maioria das pessoas, devido às incertezas dos novos horizontes. Porém, são necessários. O meu conselho para enfrentá-los é compreender os próximos passos e agarrar as boas oportunidades disponíveis no caminho. Esse tipo de situação é recorrente no universo corporativo e, principalmente nessas circunstâncias, deter o máximo de conhecimento possível é crucial. Para isso, o estágio se mostra uma excelente porta de entrada, dando maior suporte e desenvolvimento aos profissionais.
O estágio para os iniciantes no mercado
O estágio é descrito na Lei 11.788/2008 como um “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos“. Contudo, na prática, gosto de defini-lo como o momento de se estabelecer no cenário real do campo de estudo, fazer networking e pôr a mão na massa nos ensinamentos da sala de aula. Logo, ficam claras as diversas vantagens para a trajetória de um novato no meio laboral.
Todavia, para contar com esse tipo de experiência, é indispensável ter, no mínimo, 16 anos, sem idade máxima. Ademais, é preciso estar regularmente matriculado e frequentando alguma das opções de aprendizado aceitas. São elas: ensino regular, em instituições de educação superior, educação profissional (técnico), ensino médio, educação especial, anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (EJA).
Ainda, para facilitar a rotina e não comprometer o desempenho desses acadêmicos em nenhum viés, seja acadêmico ou empresarial, as atividades devem ser definidas em comum acordo entre a entidade educadora, a parte concedente e o aluno ou seu representante legal. Há, também, um termo de compromisso, onde precisa ter essa tarefas detalhadas, sendo compatíveis com as demandas escolares e seguindo o tempo estabelecido. Nesse sentido, a carga horária varia entre 4h diárias e 20h na semana, ou 6h por dia e 30h semanais.
Estágio e transição de carreira
Mesmo quando já se está inserido no mercado de trabalho, sempre indico como essencial estar atento às próprias necessidades e valores. Essa prática se mostra indispensável para estar alinhado aos objetivos profissionais e, possivelmente, considerar uma mudança de carreira. Nesse caso, aponto algumas razões destaque na hora de identificar o momento ideal dessa decisão:
- Estagnação: de acordo com o relatório State of the Global Workplace 2023, da Gallup, apenas 23% dos funcionários se sentiam engajados no ofício. Na minha visão, a alta parcela negativa se dá pela insatisfação com a atual realidade. A ausência de crescimento e desafio na rotina tende a ser um ponto nesse quesito, dando luz a ideia de repensar a posição do momento;
- Falta de propósito: para as tarefas realizadas terem sentido na vida de cada um, é indispensável estar alinhado aos próprios valores pessoais pois, do contrário, leva a uma desconexão e desmotivação.
- Exaustão constante: por fim, o cansaço mental é um dos sinais mais claros, causando um estresse crônico e fadiga, além de resultar em baixa produtividade.
No entanto, entrego aqui a luz no fim do túnel para quem vivencia esse cenário: o estágio. Como já exposto, essa é uma grande chance para dar os primeiros passos na jornada. Contudo, é igualmente importante aos trocando de área. Como não apresenta um teto máximo de idade, é viável ter todo um histórico de anos em empregos e atribuições, mas se dar um recomeço. Apesar de algumas funções não carecerem de uma formação acadêmica, boa parte ainda valoriza essa dedicação e, principalmente nesses casos, a modalidade é imprescindível para compreender a realidade laboral.
Atualmente, segundo dados expostos pela Abres (Associação Brasileira de Estágios), existem, no Brasil, cerca de 9.609.555 possíveis estagiários. Contudo, apenas em torno de 900 mil deles tem, de fato, essa vivência. Para aumentar esse número e aprimorar a formação dos futuros trabalhadores, é indispensável a ação de companhias acreditando na causa e abrindo as portas do negócio para receber esses talentos. Nós, da Abres, temos diversos associados à disposição para auxiliar nesse processo e, juntos, apoiarmos a educação e economia do país. Conte conosco!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios