Entenda esse termo e como o ato educativo pode ser um diferencial
Como presidente da Associação Brasileira de Estágio (Abres), sempre ressalto a importância de partilharmos o mesmo espaço, com cuidado ao ser humano e também a tudo à nossa volta. Nesse sentido, o ESG (Environmental, Social and Governance) ganha foco por colocar as questões da natureza, sociais e de governança em equilíbrio, incentivando melhores práticas corporativas. Assim, hoje decidi escrever sobre a relevância de contar com essas metrificações e como o estágio é um forte aliado.
Como o ESG é essencial para corporações de todos os portes e segmentos?
Desde a pandemia, empresas de todos os setores e tamanhos buscam rever seus processos para estarem gradativamente mais aderentes ao ESG. Essa sigla mensura o quanto as organizações estão comprometidas em minimizar os impactos comunitários e ambientais de suas operações. Por isso, esse índice se tornou um parâmetro de análise de investidores, quando querem encaminhar seus recursos.
Segundo a pesquisa “Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG”, realizada pela Bravo Research, as companhias ainda estão compreendendo o valor dos métodos voltados para essas causas, apesar da temática estar em alta. Conforme o estudo, 90% dos líderes e gestores afirmaram o quanto as boas práticas de sustentabilidade podem trazer ganhos.
No entanto, 54% ainda não possuem uma área dedicada ao ESG em suas corporações e 63% não souberam quantificar o número de insumos para direcionar. Ainda assim, 65% ressaltaram pretender criar um segmento específico para isso nos próximos dois anos. Ou seja, realmente se consolidou como uma tendência, inclusive, para o empreendimento se mostrar competitivo.
Todavia, a maioria das organizações já identificaram a necessidade de implementar ações de ESG em sua cultura interna. Porém, muitas não sabem, de fato, por onde começar. Isso porque mensurar esses resultados é realmente um desafio. Contudo, uma boa estratégia é reunir todos os colaboradores para estarem cientes e também propagar ideias mais “verdes”.
Como mensurar o ESG no meu negócio?
A definição dos indicadores é um crucial para todo o procedimento e seu desenrolar com bons resultados. Para entender sobre esses pontos e colocar em prática, estudei um artigo completo da Harvard Business Review, o qual trouxe erros comuns cometidos pela administração nessa missão. Veja:
– Calcular sinais e ignorar os processos:
Sempre comento: é preciso considerar tudo além dos números e entender quais aspectos levaram a esses índices. Logo, visualize além do óbvio e crie teorias para possíveis explicações em conjunto com o time. É fundamental compartilhar os resultados e ter transparência nessa gerência.
– Estimar coisas aparentes e negligenciar o sistema:
Buscar a resolução de um problema sem considerar a complexidade na qual ele está inserido pode levar a táticas erradas e, consequentemente, performances negativas. Por isso, faça conexões antes de qualquer tomada de decisão impactante.
– Nem sempre as coisas mensuradas tem mais valor:
Para muitas corporações, as emissões de CO2 são um bom exemplo para esse tópico. Apesar de serem fáceis de medir e monetizar por meio de créditos de carbono, não costumam considerar os efetios na biodiversidade, cuja relação de causa e efeito é ainda mais complexa.
O estágio como aliado crucial ao ESG
Nesse cenário e buscando melhores práticas organizacionais, o estágio tem se mostrado um grande aliado. Isso porque é uma maneira expressiva de investir no âmbito social, tendo em vista o incentivo à qualificação constante e também à economia, quando se entrega poder de compra para quem chega no mercado por agora.
Segundo estatística exposta pela Abres, atualmente temos 17,2 milhões de possíveis estagiários, quando somamos os níveis médio, técnico e superior. Entretanto, desse número, cerca de 5% consegue de fato uma oportunidade como essa. São jovens por todo o Brasil em busca de uma primeira experiência na dimensão corporativa e existem inúmeras vantagens de escolhê-los. Confira:
1. Flexibilidade para se adaptar
O ato educativo, como descreve a Lei nº 11.788/2008 – também conhecida como Lei de Estágio – é a primeira vivência de ocupação remunerada de muitos estudantes. Em geral, isso costuma ser bem positivo, pois já demonstra como o trabalho é o melhor caminho de inserção na vida adulta.
Além disso, a entrada sem manias, adquiridas em outras oportunidades, é uma excelente opção para ensinar novas atividades, pois promove uma adaptação mais rápida à cultura e costumes da instituição. Sendo assim, o gestor consegue formar uma equipe a partir de valores e objetivos vinculados à filosofia corporativa.
2. Proatividade e motivação
Outra característica muito observada nos estagiários é a vontade de “fazer acontecer”, sendo extremamente motivados e, por isso, colaborando com afinco para o alcance de metas. Diante disso, torna-se mais fácil conduzi-los nas operações internas e, como consequência, eles são capazes de produzir mais e melhor. Afinal, há o desejo de colocar em prática todo o conhecimento adquirido em sala de aula. Portanto, são altamente engajados e dispostos a irem ao encontro dos melhores resultados.
Esse desejo de aprender e contribuir com a evolução do negócio pode impulsionar o ambiente empresarial, tendo em vista o anseio de ser efetivado ao fim do contrato. Diga-se de passagem, o TCE (Termo de Compromisso de Estágio) não permite ultrapassar dois anos de atuação na mesma companhia, justamente para permitir ao aluno se tornar membro fixo.
3. Oportunidade de capacitar futuros profissionais
Ao contar com esses discentes, a marca passa a ter um time de alto desempenho, trazendo novos pontos de vista e, consequentemente, mais pluralidade e inovação. Eles têm potencial acadêmico para assimilar, desenvolver e alicerçar o know-how da organização, sem bloqueios. Além disso, é uma chance única de moldar um futuro profissional enquanto colhe bons frutos de quem está em constante aprendizado.
4. Mais vitalidade e energia para a equipe
Essa iniciativa incide justamente na motivação do time, pois o novo nome pode enriquecer o conhecimento de quem já está no escritório. Assim, o equilíbrio entre as experiências propicia uma troca de ideias mais rica e detalhada, colaborando para o alto rendimento de todos. A partir disso, é possível notar uma renovação criativa, além de inspirar quem chega agora, permitindo o contato com especialistas cheios de insights empresariais.
Por fim, sempre digo: abra as portas do seu negócio para quem está cheio de energia para colocar os conhecimentos em prática. Assim, além de melhorar a reputação da corporação, também estará incidindo nas causas ESG. Nessa caminhada, conte com a Abres!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios