Essa etapa é fundamental para construir gestores de sucesso
Um líder de sucesso é formado a partir de situações desafiadoras enfrentadas ao longo da jornada profissional, junto de aprendizados e relações com os colegas. Contudo, para quem não possui a vivência no universo corporativo, é mais complexo entender esse processo. Por isso, o estágio é essencial para fortalecer nossos jovens e prepará-los para o futuro. Assim, nos próximos anos, teremos grandes executivos nas empresas pelo país.
A importância do estágio na formação profissional
O ato educativo escolar, como é chamado de acordo com a legislação, tem o objetivo de inserir os estudantes no mercado, mostrando a eles como é, na prática, o cotidiano da profissão desejada. Dessa forma, possibilita a conciliação com a teoria aprendida na sala de aula. Para isso, inclusive, a carga horária é limitada em seis horas diárias e 30h semanais. No período de provas, esse tempo pode ser reduzido pela metade. Entretanto, é obrigatório apresentar o calendário de avaliações ao gestor no início do período letivo e, se for do desejo dele, essa diferença pode ser descontada no pagamento.
No entanto, cada colaborador tem suas particularidades, características e personalidade única. Além disso, a maioria dos integrantes da modalidade vivem essa experiência pela primeira vez e estão ali para aprender. Sendo assim, é fundamental os comandantes terem consciência do seu papel e como cada atitude nesse contexto pode marcar aquele indivíduo para sempre, seja de maneira positiva ou negativa.
Logo, a principal preocupação deve ser com o cidadão e não apenas com o futuro líder. Para isso, é necessário começarmos a criar empatia, a consciência de se colocar no lugar do outro. Ou seja, se esforçar para tratar aquele novo integrante como você gostaria de ter sido quando estava naquela posição. Quando isso acontece, o jovem se sente mais à vontade para tirar suas dúvidas, expor opiniões e sugerir novas ideias. Dessa forma, desenvolve-se dentro dele a capacidade de criar soluções e debater sobre assuntos corporativos. Assim, além de aumentar a chance de um bom networking, pode levar inovação para sua companhia.
Afinal, para participar do programa é preciso estar matriculado em uma instituição de ensino médio, técnico ou superior, pós-graduação, mestrado, MBA (Master in Business Administration) ou até dos últimos anos da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Ou seja, alguém em constante atualização, aprendizado e por dentro dos temas em alta no momento. Assim, tendo exemplos positivos na convivência e sendo sempre encorajados a buscarem cada vez mais, a colheita de bons frutos é apenas questão de tempo.
O estágio pode ser o antídoto contra o desemprego
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a taxa de desemprego no Brasil para quem tem a graduação incompleta é de 17,5%. Quando olhamos para quem conquistou o diploma, o índice é de 8,3%. Logo, se incentivarmos essa parcela da população a permanecer estudando, a chance deles garantirem uma renda fixa após a conclusão do curso é bem maior.
De acordo com levantamento do Instituto Semesp, para 82,2% dos oriundos de universidades, tanto públicas quanto privadas, houve alguma melhoria em sua vida pessoal após a formatura. Cerca de 24% citaram aumentos salariais, 19,9% ingressaram em uma pós-graduação e 33% conseguiram o primeiro emprego ou uma proposta melhor em seu segmento de atuação.
Somando todos os conteúdos adquiridos diariamente nas aulas com os desafios dentro de uma organização, esse membro poderá observar quais as necessidades de melhoria, seus pontos fortes e as exigências do mercado. No entanto, é essencial ter paciência para ensiná-lo e ajudá-lo, sem punir por eventuais erros. Afinal, caso isso aconteça, não será o culpado, pois a lei exige um supervisor responsável por, no máximo, dez estagiários.
Os benefícios para o estagiário
Para tudo ocorrer da melhor forma possível, a Lei 11.788/2008 garante alguns direitos aos participantes da modalidade. Ela foi elaborada para incentivar esse tipo de admissão e o programa não ser confundido com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Como todos os lados envolvidos têm motivos para adotá-lo, torna-se uma relação de ganha-ganha.
Dentre esses aspectos positivos está a bolsa-auxílio. Ela não tem um valor determinado pela norma, mas quando me perguntam a respeito, sempre aconselho a oferecerem uma quantia compatível com as atividades exercidas, a qualificação desejada e o custo de vida no local. Afinal, muitas vezes, esse recurso é utilizado para arcar com a formação acadêmica, ajudar nas contas de casa ou até mesmo para sustentar a família.
Outro provento é o auxílio transporte. Esse, só é exigido quando há a necessidade de deslocamento até o escritório. Dessa forma, não é pago nos casos de home office. Essa opção, inclusive, é interessante para quem mora em uma cidade com poucas oportunidades para a área de atuação. Assim, pode-se buscar por vagas em grandes centros. Para a concedente também há o benefício de ter em mãos um leque maior de opções.
Destaco ainda o recesso remunerado. A cada 12 meses na mesma companhia, o indivíduo pode solicitar 30 dias de descanso. De preferência, buscar o alinhamento com o período de férias escolares. Então, conseguirá repor as energias, viajar ou até dar mais atenção para projetos pessoais. Com isso, voltará mais forte para iniciar uma temporada laboral.
As vantagens para empresas com estagiários
Nessa missão, as contratantes também são beneficiadas. Elas recebem uma garotada cheia de energia, vontade de aprender e querendo mostrar serviço. Ademais, são naturalmente familiarizados com a tecnologia, por pertencerem a uma geração nascida após a difusão da Internet.
Além disso, pela relação não se configurar um vínculo empregatício, a corporação fica isenta de encargos trabalhistas, tais como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 13º salário, 1/3 sobre férias e eventual multa rescisória.
Outro ponto importante é a quantidade de brasileiros aptos a se candidatarem a uma vaga. De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Estágios – Abres, cerca de 17,2 milhões de cidadãos estão capacitados, mas apenas 900 mil têm essa grande chance. Logo, trata-se de um grande potencial a ser explorado pelos empresários.
Portanto, são diversas jóias a serem lapidadas espalhadas pelo Brasil, dispostas a ingressar no mundo corporativo e mostrar suas habilidades. Para ajudar a economia e a educação do país, abra as portas do seu negócio para essa juventude e garanta uma nação mais forte nos próximos anos. Estamos juntos nessa caminhada!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios – Abres