A modalidade é precursora da inovação e tem um grande poder social. Sobretudo, ela potencializa a economia e a educação no Brasil.
Sempre gosto de exaltar o poder social do estágio, afinal, ele insere, principalmente, nossos jovens no mercado de trabalho. Ou seja, é a primeira oportunidade de atuação para a moçada. Contudo, é importante lembrar de quem está trocando de área ou fazendo uma pós-graduação também. Isso me faz refletir sobre o filme “Um senhor estagiário”, dirigido por Nancy Meyers.
Lançado em 2015, o drama ficou muito conhecido e conquistou o lazer de muitas pessoas com seu bom humor, mas, sobretudo, com seu propósito. A empresa de Jules Ostin desenvolve uma ação focada em contratar estagiários mais velhos, certamente como outras instituições fazem hoje para ajudar na promoção da diversidade.
Nesse sentido, a jovem empresária atarefada recebe Ben Whittaker, um executivo expert em listas telefônicas, ao seu time. O estagiário de 70 anos tem muita experiência profissional, mas quer se reinventar. A história é inspiradora e, ao mesmo tempo, real. Afinal, atualmente, os negócios têm lidado com o desafio de superar o conflito de gerações. De um lado está nossa juventude com todo o aparato tecnológico e pressa, do outro, os mais vividos com muito apreço pelo papel e a caneta.
Esse é um ótimo estímulo para alavancar a inovação das organizações. Os estagiários, por estarem adquirindo conhecimento novos diariamente em seus estudos, trazem muitas tendências da sala de aula para as operações. Isso potencializa as transações comerciais, a criatividade e a gestão. Vale lembrar: só pode atuar na modalidade quem estiver matriculado no nível médio, técnico, superior, EJA (Educação de Jovens e Adultos) ou pós/MBA.
Benefícios para os estagiários
Sendo assim, o formato é uma grande possibilidade de preservar e fomentar a educação no país. Isso porque quando mantemos um brasileiro estudando, estamos não só oferecendo o saber, mas a possibilidade de colocar a mão na massa dentro do universo corporativo. Com isso, muitos deles conseguem a renda para subsidiar sua instrução e até mesmo as despesas domésticas. Ou seja, movimentando também a economia da nação, como um efeito dominó.
O ato é ainda mais proveitoso para os iniciantes porque a carga horária máxima é de seis horas diárias e 30h semanais. Sendo proibido horas extras, diferente de um regime efetivo, por exemplo. Assim, é possível equilibrar a vivência acadêmica e a institucional, a finalidade desse projeto.
Ainda são lhes conferidos auxílio-transporte (para quem atuar presencialmente no estabelecimento), recesso remunerado e seguro contra acidentes pessoais. Demais benefícios como convênio médico e odontológico ou vale-alimentação, por exemplo, podem ser oferecidos, mas não são obrigatórios e nem caracterizam vínculo empregatício.
Como o foco é criar a cultura da efetivação, afinal, o principiante está em busca de sua admissão e a chance de evolução na carreira, o tempo máximo estagiando na mesma organização não pode exceder dois anos. Exceto quando se trata de uma pessoa com deficiência (PcD), pois, nesse caso, não há limite.
O que as empresas ganham com isso?
Ademais, existem diversas vantagens para as corporações também e elas estão diretamente relacionadas ao fato de não haver esse vínculo trabalhista. Sendo assim, a contratante fica livre de pagar encargos, tais como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 13º salário, ⅓ sobre férias e eventual multa rescisória.
Esses incentivos foram criados para facilitar a contratação desses indivíduos, os quais mais precisam de uma chance para o início profissional. Por isso, essa é uma forma de retenção vantajosa para todos os envolvidos. Tanto para os gestores adquirirem novos talentos, quanto para a moçada a tão requerida experiência. Sendo assim, bem treinado, esse sujeito pode aplicar com efetividade os conteúdos obtidos nas salas de aula.
Não existe idade certa, apenas dê o primeiro passo
A mudança de carreira ou mesmo o start dela pode ocorrer em todas as idades e deve ser apoiada. Para se ter uma ideia, segundo pesquisa “Re:Trabalho”, realizada pela Tera e a Scoop&Co, com apoio de Época Negócios, 70% de quem deseja fazer a transição, anseiam por uma jornada mais alinhada a seus interesses e propósito de vida.
Nesse processo o aprendizado é mútuo. Como na trama em questão, a empoderada empresária entende como Ben pode ajudá-la com seus conselhos valiosos. Já ele, adquire várias skills atuais com ela e, inclusive, a importância das redes sociais.
Sobretudo, uma lição é certamente estar aberto a todas as oportunidades da nossa vida. O ancião, por exemplo, deixou a zona de conforto e se arriscou em um percurso inédito, repleto de atualizações. Durante a trajetória, demonstrou-se uma pessoa proativa, interessada e disposta, características cruciais para quem deseja conquistar uma posição como essa também.
Por fim, a convivência entre seres humanos diversos foi um ponto muito positivo abordado. Diante de gerações distintas, os grupos se complementam, abrindo mão de alguns costumes e adquirindo outros. Isso é uma prática enriquecedora para qualquer um, tem muito a acrescentar no espaço corporativo e acima de tudo, faz do mundo um lugar melhor.
Anime-se! Sempre é possível dar a volta por cima investindo tempo e acreditando em si mesmo, bem como nos ensina o executivo experiente em listas telefônicas do filme. Como sempre digo, existe a vaga exata para cada candidato. Assim, com esse ajuste de propósitos as coisas caminham melhor. A Abres está disposta a ajudar as organizações, adolescentes e o país a garantir um futuro brilhante para a nossa juventude! Conte conosco!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios
Olá tudo bem? Espero que sim 🙂
Adorei seu artigo,muito bom mesmo!
Abraços e continue assim.
Muito obrigado!